segunda-feira, 31 de março de 2008

Pão e ervilhas

Nasrudin estava sobrevivendo numa dieta miserável de pão e ervilhas.
Seu vizinho, que também se dizia um homem sábio, morava num palacete e
deliciava-se com refeições suntuosas oferecidas pelo próprio
imperador.
Um dia o vizinho interpelou Nasrudin;
- Se você ao menos aprendesse a bajular o imperador e ser subserviente
como eu não precisaria viver de pão e ervilhas
- E se você ao menos aprendesse a viver de pão e ervilhas como eu não
precisaria bajular e ser subserviente ao imperador – respondeu
Nasrudin.

Sufismo
Histórias da Alma, Histórias do Coração
Christina Feldman e Jack Kornfield
Editora Pioneira

(História enviada por Marília Tresca)

segunda-feira, 24 de março de 2008

O pássaro trinador de flores

Conto iraniano reproduzido por Marie-Louise von Franz

Era uma vez um Rei que tinha três filhos: Malik Mhuhammad, Malik Dschamschid e Malik Ibrahim. Ibrahim era o mais moço e seu pai o amava, tal como o filho amava o pai. Tendo o Rei adoecido, os médicos de todo o império não conseguiram descobrir qual o remédio para sua doença. Mas aí um certo doutor declarou que o remédio existia, desde que se conseguisse encontrá-lo: pois havia no mar um peixe verde que trazia um anel de ouro na mandíbula, e se alguém conseguisse pescá-lo, abrindo-lhe a barriga e colocando um pedacinho do coração de tal peixe sobre o coração do Sultão, este certamente se restabeleceria. Os três filhos ofereceram dinheiro a vários mergulhadores e pescadores para que os mesmos procurassem o tal peixe, e afinal, após alguns dias, estes conseguiram pescá-lo e o trouxeram a Malik Ibrahim. Tomando-o nas mãos, o moço ficou tremendamente impressionado com a grande beleza do peixe e, examinando-o, verificou que ele trazia inscrito na testa: “Alá é o único Deus, Maomé é seu profeta e Ali é seu sucessor”. Bem, é esse o credo Shiita maometano. Ora, ao ler aquilo, Malik Ibrahim sentiu-se profundamente comovido e exclamou: “Mesmo que meu pai possa ser curado por este peixe, não posso matá-lo”, e lançou o peixe de volta ao mar.
Enquanto isso, todos aguardavam que ele trouxesse o peixe e, abrindo-lhe a barriga, curasse o pai, até que descobriram que o rapaz devolvera o peixe ao mar, o que os fez morder os dedos de espanto, sem conseguir entender o fato. Quando disseram isso ao Rei, este ficou furioso e falou: “Se na verdade Malik Ibrahim está esperando que eu morra para se apoderar do trono, eu o deserdarei".
Daí em diante o Rei foi piorando cada vez mais, não tendo mais paz nem de dia nem de noite; mais uma vez os médicos se reuniram em torno de seu leito e declararam: “Ainda existe um remédio que conhecemos, que é o Pássaro Trinador de Flores. Toda vez que ele gorjeia, cai-lhe do bico uma linda flor e, se alguém conseguir aprisioná-lo e colocar uma dessas flores sobre o coração do Rei, ele ficará curado de sua enfermidade”.
O Rei beijou seus outros dois filhos, dizendo-lhes: “Agora, minha única esperança é que vocês encontrem o Pássaro Trinador de Flores”. Então os dois filhos montaram seus cavalos e partiram, sendo seguidos por Ibrahim, pouco tempo depois. Os irmãos perguntaram o que estava fazendo ele ali, ao que Ibrahim respondeu que também ele ia em busca do pássaro, de modo que resolveram prosseguir juntos. Chegando a uma encruzilhada onde havia uma árvore e uma fonte, desceram dos cavalos para descansar um pouco. Tendo os seus irmãos adormecido, Ibrahim foi dar um pequeno passeio, e de repente avistou uma tábula de pedra onde estava escrito: “Aqueles que chegarem a esta encruzilhada precisam saber que a estrada da direita não apresenta perigo e é agradável, mas a da esquerda é cheia de perigos e nenhum viajante que por ela seguir poderá ter esperança de voltar”.
Os dois irmãos, naturalmente, tomaram o caminho da direita, enquanto a Ibrahim coube o da esquerda. Mas havia na tábula uma outra inscrição que dizia que quem tomasse o caminho da esquerda deveria levá-la consigo. E assim fez Ibrahim. Primeiramente, foi dar a um castelo cercado de um lindo jardim onde encontrou uma bela jovem que o flertou; ele se apaixonou por ela e esta já sabia o seu nome. De repente porém Ibrahim se lembrou da tábula que trouxera consigo e, retirando-se para um recanto do jardim, viu que nela estava escrito: “Se tomares o caminho da esquerda, encontrarás belíssima e sedutora jovem, mas não te deixes atrair por suas tramas pois ele é uma astuta feiticeira que deseja matar-te. Ela vai te desafiar para uma luta e, quando isso ocorrer, tens de arrancar-lhe a blusa e então verás em seu ombro um sinal negro. Toma tua faca e enterra-a com toda força nessa mancha negra, tratando porém de não errares o alvo, pois se isso acontecer tu serás transformado em pedra negra”.
Aconteceu tudo como fora previsto e Ibrahim conseguiu mergulhar sua adaga na mancha negra da feiticeira. Então surgiu um furacão, com raios e trovões, tendo Ibrahim desmaiado de terror. Ao recobrar os sentidos viu a seu lado o cadáver de uma terrível e decrépita velha; quanto ao jardim e ao palácio, tudo desaparecera e ele se achava num deserto.
Então Ibrahim prosseguiu caminho e logo se achou num jardim muito semelhante ao primeiro; no centro havia um lago e nele vagava um barco. Nadou até o barco e ali encontrou dez homens, dos quais apenas um manifestava sinais de vida. Malik Ibrahim alimentou-o fazendo-o comer pedacinhos de maçã, pois o homem estava demasiado fraco e faminto para poder falar. Após se sentir mais reconfortado, o homem contou a Ibrahim que o barco fora colhido por um redemoinho e que, diariamente, ao meio-dia, surgia das profundezas uma grande mão que arrebatava um deles para dentro do lago, quer estivesse vivo ou morto, e que antes havia vinte homens a bordo, dos quais dez haviam sido agarrados e os demais tinham morrido de fome. Ibrahim recorreu novamente à tábula, na qual leu: “Se chegares a este barco, não te deixes distrair por qualquer coisa que vejas, ou que aconteça, ou que a dona da mão te relate. Essa mão que emerge do fundo das águas pertence à irmã da primeira feiticeira. Tens que apertá-la com toda a tua força, que é para romperes a maldição. Caso sejas superado na luta, perderás para sempre tua liberdade”.
Aí surgiu da água uma linda mão enquanto uma voz o saudava dizendo: “Apertemos as mãos, em sinal de amizade!” Ao que Ibrahim respondeu: “Sim, com todo prazer”, e estendeu-lhe a mão; reparando porém que a outra o ia puxando cada vez mais para a água, ele se colocou sob a proteção de Deus e, com quantas forças tinha, apertou tanto a tal mão, que a esmagou; novamente desabou uma tempestade e ele viu a seu lado o cadáver da feiticeira, achando-se perdido novamente no deserto.
Pôs-se então a caminho e foi dar a um lugar onde havia uma árvore alta e uma fonte, com muitos macacos em torno da árvore. Ele não sabia como explicar a presença de tantos macacos, mas estes o cercavam, olhando-o com olhos tristes. Ibrahim recorreu à tábula e leu: “Agora que mataste a feiticeira hás de chegar a uma árvore cheia de macacos e a uma fonte. Segue o veio da água e irás dar a um enorme edifício, onde encontrarás uma jovem; mas também é feiticeira e tentará te cativar e te iludir. Desta vez, terás que atirar-lhe à testa esta tábula, para que lhe quebres a cabeça e rompas o encantamento”. Tudo aconteceu como ali estava escrito e, logo que atirou a pedra à cabeça da feiticeira, todos os macacos viraram lindas donzelas. A líder das moças era uma Fada-princesa, que fora à caça de uma gazela com suas damas. Mas a gazela que ela caçava era a própria feiticeira e, mal as jovens entraram na floresta, a gazela começou a correr em círculos transformando-se numa mulher horrorosa e, no mesmo instante, transformou as jovens em macacos. Agora que Ibrahim matara a bruxa-gazela, as moças estavam libertas do encanto.
Ibrahim levou a Fada-princesa de volta à casa de seu pai e pediu-a em casamento, porém o Rei confessou a Ibrahim que não tinha só essa filha, Maiúne, que ele desencantara, mas também um filho que tentara dar combate às feiticeiras e fora morto, achando-se sepultado num cemitério próximo. Todas as noites, porém, chegavam as feiticeiras e, como a bruxa de Endor, da qual fala a Bíblia, retiravam da tumba o corpo do filho do Rei, ainda envolto nos restos da sua mortalha; e a cada manhã o cadáver tinha que ser novamente sepultado até que, na noite seguinte, tudo se repetisse.
Por isso Ibrahim se colocou, à noite, perto do túmulo e, tendo sido outra vez instruído do que lhe competia fazer, tomou uma lança e, quando duas feiticeiras apareceram para reiniciar suas artimanhas, em um só golpe ele as degolou, tendo-se desencadeado, no mesmo instante, uma terrível tempestade. Quando, porém, tudo se acalmou, o Príncipe morto ressuscitou e declarou que, por ter sido libertado por Ibrahim, fazia-se seu escravo para sempre.
Depois disso Malik Ibrahim se casou com a Fada-princesa, embora continuasse determinado a partir em busca do Pássaro Trinador de Flores. Alguém lhe disse que o pássaro se encontrava numa grande montanha rodeada por milhares de demoniozinhos e que ninguém podia por ali passar. Mas Ibrahim simplesmente se dirigiu aos mil demoniozinhos e, quando estes o atacaram, destemidamente os fez estacar, o que os deixou curiosos por saber o que é que aquele simpático e ingênuo rapaz pretendia ali. Em lugar de o matarem imediatamente, deram-lhe a chance de dizer porque viera. Ibrahim então confessou que desejava o Pássaro Trinador de Flores. Abertamente contou-lhes toda a verdade e os demoniozinhos então disseram que o pássaro se achava ali na montanha e que pertencia a Tarfe Banu, filha do Rei; acrescentaram que eles não lhe podiam trazer o pássaro e que Ibrahim teria que roubá-lo sozinho; eles não se importariam. Chegaram mesmo a conduzir Ibrahim ao castelo encantado, onde, num dos aposentos, encontrou Tarfe Banu adormecida sobre um coxim todo ornamentado com pedras preciosas. Ela era tão bela que não existe linguagem humana capaz de descrever-lhe a beleza. À sua cabeceira se achava uma linda gaiola, dentro da qual estava o Pássaro Trinador de Flores, e a cada trinada que este emitia caíam-lhe do bico flores suavemente perfumadas. Ibrahim com grande rapidez se apoderou da gaiola e fugiu, pedindo aos demoniozinhos que o levassem para casa. Quando já se achava próximo do castelo onde morava, pendurou a gaiola numa árvore e caiu no sono. Então, como se pode imaginar, os irmãos apareceram e roubaram o pássaro, levando-o para o Rei, a quem disseram terem sido eles mesmos que o haviam encontrado. Mas o pássaro não cantava!
Ibrahim consegue chegar à corte e, ao vê-lo, o pássaro logo se põe a cantar e as flores a lhe tombarem do bico, de modo que o Rei logo fica curado. Eis, porém, que chega ali um exército. Ao redor do palácio surge grande número de tendas e os irmãos, horrorizados, descobrem que Tarfe Banu viera em busca de quem lhe roubara o Pássaro. O ladrão, disse ela, teria que comparecer à sua presença, pois não falaria com qualquer outra pessoa. Todos empalideceram, mas Ibrahim se declarou disposto a ir. Vestiu-se principescamente e compareceu diante da Princesa, que o recebeu muito afavelmente, declarando-lhe ter feito um juramento de se casar com ele porque, a despeito da perseguição das feiticeiras, conseguira encontrá-la, bem como ao pássaro, e que por isso era ele o único que merecia se tornar seu esposo.
Ibrahim se casou, portanto, com Tarfe Banu, permitindo que mais tarde Maiúne viesse se reunir a ele e todos viveram felizes até o fim de suas vidas, como manda o destino.


(História enviada por Sueli Nascimento)

sábado, 22 de março de 2008

Julinho, o sapo



Era uma vez um sapo que vivia cantando dia e noite para o sol e para a lua na beira de uma lagoa.
Seu nome era Julinho.
Ele vivia muito triste porque não tinha nenhuma namorada.
Sabe como é, né?
Todo sapo que se preza espera um dia encontrar uma princesa que lhe de um beijo para que ele vire um lindo príncipe. Ai eles se casam, tem muitos filhos e vão viver num palácio distante.
Certa noite, a coruja que é uma ave noturna muito sábia, disse ao sapo Julinho:
- Julinho, meu filho. Você fica ai cantando com essa viola velha essas músicas antiquadas, samba-canção, boleros, valsas... Desse jeito não vai aparecer princesa nenhuma. As princesas de hoje em dia não são como as de antigamente. Você deveria é cantar rock.
E deu uma guitarra elétrica novinha em folha, duas caixas acústicas enormes, um par de óculos escuros e uma roupa de couro de roqueiro para o sapo.
Sapo Julinho foi até uma banca de jornal, comprou algumas revistinhas para aprender a cantar, ensaiou e foi para a beira da lagoa cantar os rocks mais chegados do momento.
Depois de alguns dias a lagoa que vivia numa paz de fazer inveja virou um inferno. Os bichinhos que ali moravam e mesmo os animaizinhos da floresta que havia ao lado não agüentavam mais aquela barulheira e torciam para que uma princesa aparecesse por ali e levasse Julinho consigo.
Não é que deu certo?
Numa tarde de verão apareceu por ali uma princesa japonesa que adorava sapo cantador de Rock. Ainda mais se ela, dando um beijo nele, o transformasse num príncipe maravilhoso. Alto, forte, moreno, de olhos verdes, se casassem e fossem felizes para sempre.
Ela foi se aproximando. Quando viu Julinho, apanhou-o no chão e deu um beijo estalado naquela cara feliz. Mas Julinho continuou o mesmo sapo de sempre. A princesa jogou-o com toda a força na lagoa com sua roupa, óculos escuros, guitarra e caixas acústicas e foi pisando duro para seu palácio perguntando indignada:
- Quem é que inventou essa história que quando princesa beija sapo ele vira príncipe? – Trancou-se no quarto e não quis conversa com ninguém.
Acontece que o sapo Julinho, tendo sido beijado pela princesinha ficou todo apaixonado e dizia consigo mesmo:
- Puxa. Nunca ninguém me atirou na lagoa assim com tanto charme.
Retirou tudo da lagoa e colocou para secar. Quando tudo estava sequinho, ele apanhou toda a tralha e foi até o palácio da princesa que estava na sacada. Colocou-se na direção da sacada para que ela o visse, ligou a guitarra na primeira árvore que viu e começou a cantar rocks.
No dia seguinte a princesa foi visitar uma princesinha, sua coleguinha, num reino vizinho e lá se foi Julinho atrás dela. Ligou a guitarra num arbusto e cantou muitos rocks para a princesa.
No outro dia a princesa foi passear no bosque e lá se foi o sapo Julinho cantar para a sua amada.
A princesa parou um pouco e pensou:
- Príncipe de verdade não aparece por aqui. Eu beijo sapo e ele não vira príncipe. Quer saber de uma coisa? Vou casa com esse sapo.
Falou com Julinho e enquanto ela foi convidar a todos da corte ele foi até a lagoa e a floresta fazer o convite a todos os beijinhos.
Chegou o dia do casório. Os convidados: todo o pessoal da corte, os bichinhos e bigatos da lagoa e os animaizinhos da floresta estavam no palácio na expectativa da cerimônia.
Julinho estava de cartola e fraque com uma florzinha na lapela e a princesinha com um longo branco de seda japonesa, trazia um arranjo de flores nas mãos e outro na cabeça que prendia um veuzinho que cobria seu rosto.
A cerimônia foi realizada e então Julinho, agora marido, aproximou-se da esposa, levantou o véu e deu-lhe um beijo apaixonado.
Foi aí que aconteceu!
A princesinha virou uma sapinha japonesa muito simpática e os dois foram morar num sobradinho na beira da lagoa.
Eles não comem insetos e sim bolinho de arroz com choio, que é um delicioso molho japonês que ela da na "boquinha" dele com aqueles dois pauzinhos.
Agora estão muito empenhados em formar uma banda de rock composta por vocais e instrumentais formados, além deles dois, pelos trezentos e setenta e cinco filhotinhos que eles tiveram.


Flávia Muniz - Editora Moderna

(História enviada por Carlos Sereno)

sexta-feira, 21 de março de 2008

História da Bibliotecária

Roberto Isler

Era uma menininha, muito sabida. Nascida de família de poucas posses, mas de uma mãe de muuuuuuuuuuito carinho.
A meninha, era esperta que só. Assim que entrou na escola, se apaixonou pelas palavras. Adorava contos de fadas e contos de bruxa.
Um dia conheceu a biblioteca pública. Ficou encantada com aquele mundão de livros. Era livro de todo tipo, tinha livro de aventura, romance, terror e histórias acontecidas e inventadas.
Rapidamente fez sua ficha e passou a devorar livros e mais livros.
Viajava nas linhas das histórias, indo a lugares inimagináveis.
O tempo passou e nossa menininha foi crescendo e lendo, crescendo e lendo...
Até que um dia aconteceu! Ela precisou trabalhar, pois já era uma mocinha. Então, prestou concurso na prefeitura como auxiliar de escritório,passou e que sorte, começou trabalhar na biblioteca, naquele paraíso em forma de livros.
O tempo continuou passando e ela trabalhando, até que um dia a bibliotecária lhe perguntou:
-Você não vai fazer faculdade, não? Já faz oito anos que você trabalha aqui!
_ Ai, Fazer faculdade é uma dificuldade...É caro demais.
A bibliotecária chegou bem perto e sussurrou,- Educação não tem o preço. É um presente que se dá pra gente!
A menininha, ficou com aquilo na cabeça.
-Educação é presente que se dá pra gente... Educação é presente que se dá pra gente...
Até que resolveu tentar.
Fez a inscrição no último dia, na última hora e prestou o vestibular. Pronto! Passou. – Agora é que vinha outro problema. Como pagar a faculdade, como, pagar o transporte,m como pagar os materiais, como conciliar o trabalho? Ai, vai dar trabalho.
Cada vez que desanimava lá estava à mãe dando força:
- Calma, devagar se vai ao longe. Tenha fé, que você vai vencer!
Aquilo enchia de ânimo a menininha, que enfrentou tudo. O cansaço, o sono, a falta de dinheiro e de tempo.
Ela saía antes do sol acordar e voltava pra casa depois que o sol ia dormir. Foram muitos e muitos dias sem sair pra se divertir, só estudando.
Alguns criticavam:
-Não sei por que, estudar tanto. Essa menina ainda vai acabar ficando tonta de tanto ler...
-Deve ser para aparecer.
-Onde já se viu pobre fazer faculdade, que absurdo!
- Ela não vai da conta. É fogo de palha. Logo apaga.
Mas a menininha, nem te ligo. Enfiava o nariz nos livros. Aquela criatura tinha um objetivo.
Resultado da história. O tempo passou, ela se formou, novo concurso prestou e passou.
Sabem pra quê?
Para bibliotecária, e passou em primeiro lugar. Assumiu o cargo e revolucionou a biblioteca onde trabalha.
Quem tinha cara emburrada, “desemburrou”, quem tinha cara feia, “desenfeiou”, quem tinha cara desanimada, “reanimou”. E quem não acreditava, acreditou.
Como sua mãe dizia: Devagar se vai ao longe. Tenha fé que um dia você vence.
A menininha acreditou e no dia da formatura, abraçou a mãe e pensou:
- Vim, vi e venci!
A ela parabéns. Valeu!


(História escrita e enviada por Roberto Isler)

O velho, o menino e a mulinha

O velho chamou o filho e disse:
- Vá ao pasto, pegue a bestinha ruana e apronte-se para irmos à cidade, que quero vendê-la.
O menino foi e trouxe a mula. Passou-lhe a raspadeira, escovou-a e partiram os dois a pé, puxando-a pelo cabresto. Queriam que ela chegasse descansada para melhor impressionar os compradores.
De repente,
- Esta é boa! - exclamou um viajante ao avistá-los. O animal vazio e o pobre velho a pé! Que despropósito! Será promessa, penitência ou caduquice?...
E lá se foi a rir.
O velho achou que o viajante tinha razão e ordenou ao menino: - Puxa a mula, meu filho. Eu vou montado e assim tapo a boca do mundo.
Tapar a boca do mundo, que bobagem! O velho compreendeu isso logo adiante, ao passar por um bando de lavadeiras ocupadas em bater roupa num córrego.
- Que graça! - exclamaram elas. a marmanjão montado com todo o sossego e o pobre menino a pé... Há cada pai malvado por este mundo de Cristo... Credo!...
O velho danou e, sem dizer palavra, fez sinal ao filho para que subisse à garupa.
- Quero só ver o que dizem agora...
Viu logo. O Zé Biriba, estafeta do correio, cruzou com eles e exclamou:
- Que idiotas! Querem vender o animal e montam os dois de uma vez... Assim, meu velho, o que chega à cidade não é mais a mulinha; é a sombra da mulinha...
- Ele tem razão, meu filho, precisamos não judiar do animal.
Eu apeio e você, que é levezinho, vai montado.
Assim fizeram, e caminharam em paz um quilômetro, até o encontro dum sujeito que tirou o chapéu e saudou o pequeno respeitosamente.
- Bom dia, príncipe!
- Por que príncipe? - indagou o menino.
- É boa! Porque só príncipes andam assim de lacaio à rédea... - Lacaio, eu? Esbravejou o velho. Que desaforo! Desce, desce, meu filho, e carreguemos o burro às costas. Talvez isto contente o mundo...
Nem assim. Um grupo de rapazes, vendo a estranha cavalgada. acudiu em tumulto, com vaias:
- Hu! Hu! Olha a trempe de três burros, dois de dois pés e um de quatro! Resta saber qual dos três é o mais burro...
- Sou eu! - replicou o velho, arriando a carga. Sou eu, porque venho há uma hora fazendo não o que quero mas o que quer o mundo. Daqui em diante, porém, farei o que me manda a consciência, pouco me importando que o mundo concorde ou não: Já vi que morre doido quem procura contentar toda gente...

(Monteiro Lobato. Fábulas. São Paulo, Brasiliense, 1994, 7. ed. p 12 e 13.)

(História enviada por Amauri de Oliveira)

Três Fábulas de Raposa


A Raposa e o Tambor
Conta-se que uma raposa esfomeada chegou a um bosque onde, ao lado de uma árvore, havia um tambor, que soava furiosamente cada vez que, ao sopro do vento, os ramos da árvore se moviam e batiam nele. Ao ouvir tal ruído, a raposa dele se aproximou e, já em frente ao tambor, pensou: "Este deve conter muita carne e muita gordura." Lançou-se sobre ele e, esforçando-se, conseguiu rompê-lo. Ao ver que era oco, disse: "Talvez as coisas mais desprezíveis sejam aquelas de maior tamanho e de voz mais forte."

AL-MUKAFA, Ibn. Calila e Dimna. trad. Mansour Chalita. Rio de Janeiro: Associação Cultural Internacional Gibran, s.d. p. 13.


A Raposa e a Cegonha
Aconteceu um dia da comadre Raposa convidar a Cegonha para jantar. Com as manhas de matreira que é, preparou comida líquida, uma sopa e uma papa de sobremesa que escorreu em prato raso... A Cegonha fez de tudo para provar, picava o prato com o bico, mas nada! Voltou com fome pro ninho. Dali que resolveu bem resolvido pagar a Raposa com a mesma moeda e escolheu, de suas iguarias, uma que bem podia ser guardada em vaso de estreito gargalo. Somente a Cegonha se regalou. E a Raposa? Olhou com os olhos e lambeu com a testa...

Fábula de Esopo, adapt. Peter O'Sagae

A Raposa e o Corvo
O Corvo apanhou um queijo, e com ele fugindo, se pousou sobre uma árvore. Viu-o a Raposa, e desejou de lhe comer o seu queijo: e pondo-se ao pé da árvore, começou a dizer ao Corvo: -- Por certo que és formoso, e gentil-homem, e poucos pássaros há que te ganhem. Tu és bem disposto e mui galante; se acertaras de saber cantar, nenhuma ave se comparará contigo. Soberbo o Corvo destes gabos e desejando de lhe parecer bem, levanta o pescoço para cantar; porém abrindo a boca, caiu-lhe o queijo. A Raposa o tomou e foi-se, ficando o Corvo faminto e corrido de sua própria ignorância.

Fábula de Esopo, vertida do grego por Manuel Mendes, da Vidigueira. BRAGA, Teófilo. Contos tradicionais do povo português - vol. II. 5.ed. Lisboa: Dom Quixote, 1999. p. 278.
(Histórias enviadas por Amauri de Oliveira)

A Flor da Honestidade


Conta-se que por volta do ano 250 a.C, na China antiga, um príncipe da região norte do país, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar.
Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta.
No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.
Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula:
- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.
E a filha respondeu: - Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz.
À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:
- Darei a cada uma de vocês, uma semente.
Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos etc...
O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.
Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido.
Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor....
Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores.
Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena. Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção.
Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.
As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado.
Então, calmamente o príncipe esclareceu:
- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.

....................................
A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor.
Autor desconhecido

(História enviadapor Patrícia Macedo)

quinta-feira, 20 de março de 2008

A Moça Tecelã




Marina Colasanti

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.
Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio do ponto dos sapatos, quando bateram à porta.
Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.
Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.
E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.
— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.
Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.
— Para que ter casa se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.
Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.
Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.
— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!
Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.
Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.
A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura acordou e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.
(História enviada por Andréa Nogueira)

A História de Astrolábio


Era uma vez um menino chamado Astrolábio. È verdade, como seu nome era complicado de guardar, todos o chamavam de astro.
Astro vivia com a cabeça nas nuvens, no sol e ficava encantado, fascinado com as estrelas.
Numa noite em que o céu estava recheado de pontinhos brilhantes, astro ficou de papo com seu cachorro mágico, o Peludo.

Astro- No céééééu, lá no céu, Peludo. Você viu quantas estrelas tem no céu?

Peludo- Au, au. Eu não, não sei contar. Só sei coçar.

Astro- Sabe de uma coisa? Eu queria ser estrela e você, Peludo?

Peludo- Eu? Eu não. Deus me livre, tenho medo de altura. Gosto de ser cachorro mesmo.

Astro- Ai, Peludo. Eu acho estrela à coisa mais liiiiiinda do mundo...

Peludo- Ai, eu acho cachorro a coisa mais fooooofa do mundo...

Astro – Ser estrela é melhor. E ficar no céu... Só brilhando...

Peludo- Prefiro ser cachorro e ficar na terra ...só coçando...

Astro- Ah...como eu queria ser uma estrela...chegar lá em cima e descobrir os segredos do espaço.

Peludo – Ah, ser cachorro é que é bom. Roer osso e comer ração.

Astro- Eu gostaria de conhecer a Via Láctea, os planetas os cometas.

Peludo- Xiiii... Como você vai chegar lá ? Não sabe voar.

Astro- Eu dou um jeito, ora.

Peludo- Já sei. Você pode pegar um estilingão, um bodocão e catapiiiimba.

Astro- Êh, Peludo.Que idéia de cachorro.

Peludo- Eu sou um cachorro, uai. Então que tal um canhão, buuuum!

Astro- Tá louco? A gente pode machucar alguma estrela...

Peludo- Então eu desisto. Vou fuçar lixo...

Astro- Espera. Já sei ! O negócio é um papagaio!

Peludo- Auuuu. Cruz credo, credo em cruz. Como um bichinho daquele tamanho vai agüentar você?

Astro- Não seja bobo, Peludo. Eu estou falando de um papagaio de papel de seda.

Peludo- Ah bom, que susto.

Astro- Eu vou fazer um papagaio bem grande. Gigante, gigantoso...

Peludo- Ai, meu Deus, nem seda, nem jornal, nem papelão vai agüentar levar você pros ares.

Astro- Então eu faço com plástico, tá bom? Aí eu vou empinar com “trocentos” metros de linha dez, linha cem, linha de pesca, sei lá, uma linha bem forte e quando ele estiver bem altão, você segura enquanto eu subo pela linha...acho que vai dar certo.

Peludo- Mas... Astro...

Astro- Mas nada. Eu vou correndo fazer meu papagaio. Tchau !

Peludo- Hei! Menino doido... Coitadinho, esse destrambelhou de vez. Isso não vai dar certo! Astro! Espere por mim.

Foi um tal de mede, corta, recorta, mede de novo, corta aqui, amarra dali e o papagaio ficou pronto. Astro foi dormir e logo de manhã pulou da cama e correu pro quintal.

Astro- Prontinho, acorda Peludo. Vamos lá, dorminhoco! Olha que beleza de papagaio. Pega e leva o papagaio bem longe.

Peludo- Mas você vai tentar chegar lá nas estrelas de dia?

Astro- Vou. Até eu chegar lá, já vai ter anoitecido. Vai leva o papagaio.

Peludo- Aqui, ta bom?

Astro- Mais longe.

Peludo- Aqui?

Astro- Aí. Pode soltar. Iruuuuuu. Tá subindo, tá subindo.

Peludo- Nossa, tá passando das nuvens.

Astro- Tó. Vai empinando enquanto eu subo na goiabeira e penduro na linha.

Peludo- Isso não vai dar certo.

Astro- Xiiiiiiu, peludo! Um, dois, três e já.

Peludo- Cuidado astro! A linha arrebentou!

Astro- Minha santa do segura que eu caio!

Peludo- Eu disse, não disse?

Astro- Ai, ui, não deu certo. Ai, ui. Por sorte caí no capim. Cadê o papagaio.

Peludo- O papagaio?Ah, sim, olha lá pra cima.

Astro- Ai... Espero que pelo menos ele chegue perto das estrelas.

Peludo- E eu espero que você chegue perto da razão. Lugar de gente é na terra.

Astro- Ai, mas eu não desisto!

Peludo- Ai, não. Vai fazer outro papagaio???

Astro- Não. Vou estudar e quando eu crescer me tornar um astronauta.

Peludo- E isso aí, Astro.

Astro- É, mas por enquanto eu sou criança. E to com uma fome. Quem chegar por último é mulher do padre!

Peludo- Hei, espere por mim! Essas crianças.. . Au, au! (sai correndo atrás de Astro)

Entrou por uma porta, saiu pela outra.
Quem quiser que conte outra!




(História mandada por Roberto Isler)