sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A MOÇA QUE DESCOMIA MENTIRAS



Autor: Elza Fraga



Ela foi uma criança criativa, uma adolescente perigosa.

Virou uma adulta mentirosa.

Tinha duas escolhas na vida:

Escrever livros, contando as histórias que inventava da vida

de amigos, parentes, vizinhos e afins, e fazer uso das suas

mentiras próprias; ou virar atriz e viver as mentiras alheias,

sem ter que sair machucando Deus e o mundo e mais um pedaço,

melhor de tudo, sem sentir culpa no cartório.

Talento pouco na arte de escrevedora e de intérprete, e muito pra invencionices oralmente fantasiosas, nem escreveu o livro, nem virou atriz.

Virou foi uma bulímica da melhor qualidade.

Vomitava as mentiras mal digeridas como quem vomita a

folha de alface do almoço.

Ficou anoréxica a bichinha...

Não lhe parava mais nem uma mentirinha, das pequenas sequer, no estômago!

E definhava a olhos vistos sem que se pudesse fazer nadica por ela.

Todos se surpreendiam com a rapidez que criava mentiras novas pra colocar no lugar das vomitadas...

Era a ânsia de prender a vida, que lhe escapava pelas paredes da garganta, nos dedos.

Moribundou jovem, coitada!

Mas continuou a andar por aí, a se encher de ar e de invencionices, sofregamente.

O corpo ainda se locomovia, feio, curvado ao peso das mentiras, olhos fundos na face cadavérica...

Mais se arrastava do que caminhava, mas ia em frente.

Até que num dia chuvoso uma mentira, das grandes, se lhe entalou na garganta, não conseguia descer goela abaixo nem por decreto...

Ficou roxa , perdeu o ar, esverdeou-se, se foi de vez!

Até hoje perguntam de que partiu a tal moça, nessa mania que o povo tem de achar que todo cadáver tem que ter causa mortis.

Respondo que morreu de mentira grande demais pra ser engolida.


Sabe que ninguém me acredita?!



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A Princesa do Sapo


A princesa do sapo




Era uma vez uma princesa

(Bem bonitinha)

Sentada à beira do poço

(Bem fundo e escuro)

Brincando com sua bola

(Bem redondinha)

Que quando quica, quica, quica, e ... PLOFT!



A princesa deu um pulo

(Bem desesperada)

E meteu a cabeça no poço

(Bem fundo e escuro)

“Cadê a minha bola?”

(Bem redondinha)

E ela sentou no chão e abriu um berreiro!



Mas pulou um sapo

(Bem geladinho)

De dentro do poço

(Bem fundo e escuro)

“Vou pegar sua bola

(Bem rapidinho)

Prometa que vai me retribuir com um beijo!”



“Por favor” , disse ela

(Bem sorridente)

“Mergulhe no poço

(Bem fundo e escuro)

E pegue minha bola

(Bem redondinha)

Quando você a trouxer eu lhe dou um beijo.”



E o sapo saltou

(Bem saltitante)

Para dentro do poço

(Bem fundo e escuro)

Depois trouxe a bola

(Bem molhadinha)

“Está na hora de você me dar aquele beijo...”



“ARGH!” , disse ela

(Bem enjoada)

“Deus me livre, beijar um sapo gelado!”

Ela pegou sua bola

(Bem convencida)

E saiu correndo, correndo na maior disparada.





O sapo saiu quicando

(Igualzinho a bola)

Da beira do poço

(Bem fundo e escuro)

Seguindo a princesa

(Bem bonitinha)

Até chegar ao palácio real.



TOC! TOC! CROC! Bateu na porta e coaxou.

“Quem está aí?”, perguntou o rei à princesa.

“È só um sapo”, resmungou ela.

“Ah, um sapo!”, disse o rei.

“Mande-o entrar!”



E o sapo entrou

(Bem saltitante)

Curvou-se para o rei

(“Oh, Majestade”)

E para a princesa

(Bem educado)

“Você prometeu me retribuir com um beijo...”



A princesa bateu o pé: “NÂO!”

(Bem irritada)

“Volte para o seu poço”

(Bem fundo e escuro)

“ESPEREM!” , gritou o rei

(Bem majestoso)

“AFINAL, O QUE ESTÁ SE PASSANDO AQUI?”



A princesa suspirou. Momentos de tensão...

“Promessa é promessa”, lamentou.

De cara feia, pegou o sapo e sapecou-lhe

Um beijo no nariz (que estava bem gelado).



Mas... QUEM DIRIA?

(Cadê o sapo?)

Surgiu um príncipe

(Bem bonitão)

Que se ajoelhou

(Bem sorridente)

“Oh, princesa, prometa para mim sua mão!”



História recontada por Vivian French
Enviada por Neusa Cia (Americana)




sábado, 15 de outubro de 2011

ERA UMA VEZ... UM PASSARINHO





ERA UMA VEZ...

ERA UMA VEZ, NÃO!

ESSA HISTÓRIA

NÃO TEMPRINCESA NEM ANÃO

NÃO TEM MADRASTA,

NÃO TEM CASTELO NEM DRAGÃO

ESSA HISTÓRIA...

É DE UM PASSARINHO

QUE GOSTAVA DE CANÇÃO.

E QUE VIVIA EM UM JARDIM

FLORIDO E PERFUMADO DE UM CASARÃO.



O PASSARINHO VIVIA A CANTAR

DESPERTAVA BEM CEDINHO

E LOGO IA SE BANHAR,

NO LAGUINHO QUE FICAVA

LÁ PERTO DO POMAR.

APÓS SE REFRESCAR

VOAVA PARA A GOIABEIRA

E UMA DELICIOSA GOIABA

COMEÇAVA A BICAR.



DE PAPINHO CHEIO

VOAVA LÁ PARA O MEIO,

MEIO DE ONDE?

SÓ PODE SER DO JARDIM.

LÁ CRESCIA

UM LINDO PÉ DE JASMIM,

QUE O PASSARINHO PENSAVA:

“DEUS FEZ PRA MIM”.



COMEÇAVA ENTÃO

A CANTORIA...ENCHIA O PULMÃO,

NÃO SÓ DE AR

MAS TAMBÉM DE MUITA ALEGRIA.

EM SEU PEITO

HABITAVA UM DESEJO

DE VER O MUNDO

MAIS BONITO E PERFEITO.

SABIA QUE ERA DIFÍCIL

MAS, COM SUA AJUDA

NÃO SERIA ASSIM TÃO IMPOSSÍVEL.



CANTAVA O DIA INTEIRO

COMO ELE ERA MATREIRO!

ALÉM DE CANTAR

O DIA INTEIRO

VOAVA DE FLOR EM FLOR,

PENSAVA: “AMO O JASMIM”

MAS TINHA TANTO AMOR!

QUE VOAVA A REPARTIR

ESSE IMENSO AMOR

COM CADA FLOR DE TODO O JARDIM





CERTO DIA, O PASSARINHO

ESTAVA EM UMA ÁRVORE,

NO GALHO MAIS ALTO

A CANTAR UMA BELA CANÇÃO.

DE REPENTE...VEIO UM VENTO FORTE

COMO UM FURACÃO,

O PASSARINHO ASSUSTADO

PAROU SUA CANÇÃO.



TUDO COMEÇOU A VOAR,

AS FLORES A DESPETALAR,

AS ÁRVORES A BALANÇAR,

E SUAS FOLHAS A DANÇAR

COM O VENTO,

E TUDO COMEÇOU A MUDAR.



O PASSARINHO QUERIA AJUDAR

MAS ELE SÓ SABIA CANTAR.ENTÃO PENSOU:

“PRECISO COLABORAR”

PARA ESTE VENTO RECUAR.



MESMO COM O GALHO

A BALANÇAR,

O PASSARINHO SE PÔS A CANTAR.

UM CANTO DIFERENTE,

UM CANTO QUE ENCANTA A ALMA DA GENTE.

O VENTO FOI SE ACALMANDO...

ACALMANDO... ACALMANDO...



O CANTO DO PASSARINHO

FEZ O VENTO

RECUAR.

E DE UM VENTO FORTE

COMO UM FURACÃO;

TRANSFORMOU-SE

NUMA BRISA

QUE MANSIDÃO!



E O PASSARINHO

FICOU FELIZ

SABENDO QUE TUDO

VOLTARIA AO NORMAL,

E O JARDIM NOVAMENTE

SERIA SENSACIONAL.



ELE CONTINUOUA CANTAR...

CANTAR...

E A TODOS ENCANTAR,

E VIVEU FELIZ PARA SEMPRE.

FELIZ PARA SEMPRE?

QUE É ISSO?



ESSA HISTÓRIA,

NÃO TINHA PRINCESA NEM ANÃO,

NÃO TINHA MADRASTA,

NÃO TINHA CASTELO NEM DRAGÃO.

SÓ TINHA UM PASSARINHO,

QUE GOSTAVA DE CANÇÃO

E COM UM ENORME CORAÇÃO.

ENTÃO...

VIVEU FELIZ ATÉ SEU CANTO

CESSAR...



AUTORA: TEREZINHA GUIMARÃES - www.poetizarpoetizar.blogspot.com

História enviada por Terezinha das Graças Mendes Guimarães