sábado, 23 de dezembro de 2023
A VIDA E AS ESTAÇÕES
quarta-feira, 1 de março de 2023
Águas de Março
É pau, é pedra, é o fim do caminho
domingo, 1 de janeiro de 2023
Renova-te
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.
Cecília Meireles
quarta-feira, 7 de dezembro de 2022
São Nicolau
Nicolau é também conhecido por
São Nicolau de Mira e de Bari. Venerado, amado e muito querido por todos os
cristãos do Ocidente e do Oriente. É um dos santos mais popular da Igreja. É o
padroeiro da Rússia, de Moscou, da Grécia, de Lorena, na França, de Mira, na
Turquia, e de Bari, na Itália, das crianças, das moças solteiras, dos
marinheiros, dos cativos e dos lojistas. Por tudo isso os dados de sua vida se
misturam às tradições seculares do cristianismo.
Filho da nobreza, Nicolau nasceu
na cidade de Patara, na Ásia Menor, na metade do século III, provavelmente no
ano 250.
A tradição diz que os pais de
Nicolau, muito ricos e extremamente religiosos. Nicolau era uma criança com
inclinação à virtuosidade espiritual, pois nas quartas e nas sextas-feiras
rejeitava o leite materno, ou seja, já praticava jejum voluntário. Quando
jovem, desprezava os divertimentos e vaidades, preferindo frequentar a igreja.
Costumava fazer doações anônimas em moedas de ouro, roupas e comida às viúvas e
aos pobres.
Mais tarde, quando já era bispo,
um pai, não tendo o dinheiro para constituir o dote de suas três filhas e poder
bem casá-las, havia decidido mandá-las à prostituição. Nicolau tomou
conhecimento dessa intenção, encheu três saquinhos com moedas de ouro, o dote
de cada uma das jovens, para salvar-lhes a pureza. Durante três noites
seguidas, foi à porta da casa daquele pai, onde deixou o dote para uma delas
como presente. Desse fato veio a sua fama de dar presentes para salvar as almas
das ciladas do demônio.
Foi consagrado bispo de Mira,
atual Turquia, quando ainda muito jovem e desenvolveu seu apostolado também na
Palestina e no Egito. Mais adiante, durante as perseguições do imperador
Diocleciano, foi aprisionado até a época em que foi decretado o Edito de Constantino,
sendo finalmente libertado.
Segundo alguns historiadores, o
bispo Nicolau esteve presente no primeiro Concílio, em Nicéia, no ano 325, no
qual foi condenada a heresia ariana. Na abertura desse concílio, o imperador
Constantino ajoelhou-se diante de São Nicolau e de outros santos varões que
haviam padecido na última perseguição, e beijou com respeito suas gloriosas
cicatrizes.
Foi venerado como santo ainda
quando estava vivo, tal era a fama de taumaturgo que gozava entre o povo
cristão da Ásia. Morreu no dia 6 de dezembro de 326, em Mira. Logo, o local em
que fora sepultado se tornou meta de intensa peregrinação.
Suas relíquias foram
transportadas para Bari, no sul da Itália, onde até hoje são objeto de grande
veneração. Seu culto se propagou em toda
a Europa.
sexta-feira, 4 de novembro de 2022
O CÁGADO E A FRUTA
Diz que foi um dia, havia no mato uma fruta que todos os
bichos tinham vontade de comer; mas era proibido comer a tal fruta sem primeiro
saber o nome dela. Todos os animais iam à casa de uma mulher que morava nas
paragens onde estava o pé de fruta, perguntavam a ela o nome, e voltavam para
comer; mas quando chegavam lá não se lembravam mais do nome. Assim aconteceu
com todos os bichos que iam e voltavam, e nada de acertar com o nome. Faltava
somente amigo cágado; os outros foram chamar ele para ir por sua vez. Alguns
caçoavam muito, dizendo: “Quando os outros não acertaram, quanto mais ele!”
ROMERO, Silvio. Contos Populares do Brasil. São Paulo: Landy
Editora, 2008.
quarta-feira, 30 de março de 2022
O Caldeireiro
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Um
caldeireiro foi contratado para consertar um enorme sistema de caldeiras de
um navio a vapor que não estava funcionando bem. Após escutar a descrição
feita pelo engenheiro quanto aos problemas e de haver feito umas poucas
perguntas, dirigiu-se à sala de máquinas. Olhou, durante alguns instantes,
para o labirinto de tubos retorcidos. A seguir, pôs-se a escutar o ruído
surdo das caldeiras e o silvo do vapor que escapava. Com as mãos apalpou
alguns tubos. Depois, cantarolando suavemente só para si, procurou em seu
avental alguma coisa e tirou de lá um pequeno martelo, com o qual bateu
apenas uma vez em uma válvula vermelha. Imediatamente, o sistema inteiro
começou a trabalhar com perfeição e o caldeireiro voltou para casa. Eis o que o caldeireiro lhe enviou: Total ................: R$ 2.000,00 Martelada ..........: R$ 0,50 Onde martelar ....: R$ 1.999,50
fonte: http://paxprofundis.org/livros/parabolas/parabolas.html |
quinta-feira, 24 de março de 2022
O Catavento
Um cata vento voando no céu
la fora o vento e 2 barcos de papel
O puro encanto para quem olha distante ao léu
O Sol o Céu as Estrelas e o Luar
E o cata vento sobrevoa mais uma casa ao luar
procurando um coração, para o seu objetivo alcançar
O mar escureceu e para o céu você se vendeu
as estrelas começaram a brilhar...
Há... meu amor enquanto elas brilharem saberei
que estás comigo até se eles não deixarem
E o cata vento sobrevoa mais uma casa ao luar
procurando um coração, para o seu objetivo alcançar
quarta-feira, 16 de março de 2022
História de assombração
Mário Neme
Pois não é que eles
vinham vindo pela estrada fria, Nhô Be e Chico, dois homens. Vinham vindo pelo
estradão sem fim, naquela noite amarga de escura, nem uma estrela no céu, nenhuma
claridade, tudo negro, tudo medonho. Era quase meia-noite e eles vinham vindo, só
com o facão na cintura, voltando pro rancho.
Nisso estavam
chegando perto da casa do defunto Miguelangelo, uma tapera, abandonada,
que de noite apareciam lá não sei quantas almas do outro mundo. Muita
gente já tinha visto as tais almas cantando, tinha dado tiro nelas, mas a
bala não pegava. Uma tocava viola, uma viola chorosa e bem afinada, mas
ninguém via a viola. Coisa misteriosa. Era mesmo daquelas assombrações que a gente
respeita e passa longe, evita elas, mas, Nhô Be não acreditava "nessas bobagens
não".
— Isso de
assombração é besteira, Chico.
— Se é, compadre.
— Pois eu não
acredito nisso e acho que é até pecado acreditar. O pessoal lá em casa é meio
besta, acredita, isto é, a mulherada que é meio besta.
— Em casa também,
compadre.
—Negadinha boba,
Chico. Donde se viu?! Eu nunca tive medo dessas invenções.
— Nem eu, Nhô Be, nem
eu.
Eu estava orgulhoso
de ver dois bravos com essa coragem formidável, isso sim, era gente pra pôr num
conto, até dava gosto lidar com eles. Precisava ver quando, daí a pouco,
desabou uma tempestade de acabar o mundo, daquelas mesmo de lavar a terra e a
gente não se agüentar em pé debaixo dela.
Chuáaa, e a aguaceira
caía que não era vida! Então, os dois homens estavam bem pertinho da casa
mal-assombrada, onde tinham matado o defunto Miguelangelo. Foi uma barbaridade
aquela morte, quebraram os dentes dele, quebraram os dedos dos pés e das mãos e
depois deixaram o velho ir morrendo devagarinho, naquele sofrimento, que só aquilo merecia o céu.
Estavam
mesmo na frente da casa, e a chuva de não se agüentar em
baixo. Nhô Be falou para o companheiro:
— Acho que é melhor
a gente entrar na casa e esperar passar a chuva, Chico.
— Mas é que essa
casa tem uma fama desgraçada, compadre...
— O que tem isso,
Chico? Pois a gente não tem medo de assombração.
— Ah! É mesmo,
compadre! Então vamos.
E foram. Entraram
sem abrir a porta, porque não tinha porta mais, nem j anela.
Mas entraram com
muita precaução, espiaram pra dentro, foram andando de manso, chegaram no centro da
casa, juntaram uns gravetos, e tal, e fizeram fogo.
O fogo eles disseram,
lá entre eles, que era para esquentar o corpo, mas eu desconfio que era pra espantar
as almas do outro mundo. Porque, francamente, eles não estavam muito firmes,
não. Coragem eles tinham e bastante, mas, numa hora dessas, num lugar assim de má
fama, meia-noite, aquela chuva torvando, aquela casa escangalhada, a gente fica mesmo meio esquerda. Mas
eles estavam ali, firmes.
De repente, um
barulhinho esquisito, que nem gente que pisa disfarçado. Os dois estavam agachados na
frente do foguinho, nessa hora arregalaram os olhos, ficaram assustando pro
lado do barulho, que era no vão da porta.
Pra dizer a verdade,
estavam com os olhos deste tamanho, olhavam um pró outro e depois pra porta.
Outro barulhinho mais perto e apareceu
Uma sombra se mexendo na porta. Nhô Be puxou a faca da
cintura. Chico segurou a "pernambucana" e ficou pronto pra enfrentar
o bicho. Mas, porém, o bicho não era "aquele bicho". Era um franguinho.
O pobre vinha todo molhado, pingando chuva, querendo encontrar um cantinho pra
se esquentar. Aquilo foi um contentamento prós dois, um alívio pra eles, até
para mim que não tinha nada com o caso. Não é que eles tivessem medo, mas, numa
hora daquelas, aquele barulho na porta, um negócio assim que vinha agachado prô
lado deles, era mesmo pra gente arregalar os olhos e parar a suspiração.
— Está vendo, Chico, se a gente tivesse medo podia até
morrer de susto agora, pois é só um franguinho.
— Pois é, compadre, um franguinho, um franguinho,
compadre...
O franguinho veio vindo, chegou perto do fogo, chacoalhou
as asas, esticou o pescoço pra cima, fez assim uma carinha de gente e falou
prós dois com voz de trovão:
— PUXA
VIDA, COMO ESTÁ CHOVENDO, NÃO?
sábado, 12 de março de 2022
A parábola de Chuang-Tzu
Chuang-Tzu sonhou que era uma borboleta e, ao despertar, não sabia se era um homem que havia sonhado ser uma borboleta ou uma borboleta que agora sonhava ser homem.
Jorge Luis Borges, Buda, Rio de Janeiro: Editora
Bertrand Brasil, 1993
quinta-feira, 3 de março de 2022
Chuva e o Fogo
Contam
os antigos que, num tempo distante e em terras mais distantes ainda, existia no
"Vale do Fogo Ardente", um jovem foguinho conhecido por FOGARÉU. E,
ao sul desse Vale, existia ali a "Terra da Garoa" onde vivia uma
Chuvinha linda, linda! Todas as tardes, Fogaréu observava do alto de uma
encosta rochosa a linda Chuvinha brincando lá longe, lançando suas águas de
encontro à mata, dando assim, com os raios do sol, a ilusão de uma linda
cachoeira de diamantes. Fogaréu se encantava com aquela cena e a cada dia, seu
coração ardia não de fogo, mas de paixão. Do outro lado, Chuvinha também se
derretia de paixão, olhando Fogaréu com suas chamas vermelhas balançando ao
vento.
Certa
vez, Fogaréu resolveu declarar sua paixão por Chuvinha à sua amiga Águia que
também, todas as tardes, sobrevoava lá do alto, o Vale do Fogo Ardente. Muito
comovida, a amiga Águia pensou em promover um encontro entre Fogaréu e
Chuvinha. Em meio a tanta alegria, Fogaréu de repente se abateu, porque não
sabia como isso poderia acontecer, já que no Vale do Fogo Ardente nunca podia
chover e na Terra da Garoa Fogaréu não podia entrar. A amiga Águia pensou,
voou, pensou e num bater de asas, EUREKA!!! Muito animada, lá de cima a amiga
Águia disse a Fogaréu:
-
Querida Chuvinha, queria poder te esquentar em meus braços mas, como o Destino
assim não me permite, saiba que apenas uma de suas gotas que cair sobre meu
coração, servirá como bálsamo para transformar essa paixão ardente em Amor
escaldante.
Todos
os animais se levantaram para aplaudir Fogaréu. A mamãe Ursa, mal se continha
de tanto chorar. O silêncio mais uma vez tomou conta da Terra do Faz de Conta.
Era a vez de todos ouvirem Chuvinha e, foi dessa forma que ela falou: