quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

ESPERANÇA

 


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano

Mora uma louca chamada Esperança:

E quando todas as buzinas fonfonam

quando todos os reco-recos matracam

quando tudo berra quando tudo grita quando tudo apita

A louca tapa os ouvidos

e

atira-se

e – ó miraculoso vôo! –

Acorda outra vez menina, lá embaixo, na calçada.

O povo aproxima-se, aflito

E o mais velhinho curva-se e pergunta:

– Como é teu nome, menininha dos olhos verdes?

E ela então sorri a todos eles

E lhes diz, bem devagarinho para que não esqueçam nunca:


– O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

Poemas para a Infância (Mario Quintana – Poesia Completa, Editora Nova Aguilar, 2005)


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