No tempo
das colheitas, já meu pai dizia: Aparecem, às vezes, pés de café sem grãos. Não
é praga da planta, não. As cerejas foram colhidas à mão. O pé só fica com as
folhas.
Sabem que
colheu? O saci.
O saci só
colhe de noite. E faz o trabalho num átimo. Lá numa fazenda da Mantiqueira, o
diabo do saci colheu, de um dia para outro, todas as cerejas de um cafezal,
deixando o fazendeiro na mais negra miséria.
Sabem por
quê?
Não
deixaram um pé de café para o saci, na safra anterior.
Em toda
colheita, não se deve esquecer de deixar um pé de café para o negrinho de um pé
só e de carapuça vermelha.
Quem se
esquecer, está arriscado a perder todo o seu cafezal.
Observação: Esta história se prende ao
"ciclo do saci".
(Ribeiro,
Joaquim. Os brasileiros. Rio de Janeiro, Palas; Brasília, Instituto
Nacional do Livro, 1977, p.279)