O Gato e o Rato tornaram-se
amigos. Um dia combinaram fazer uma viagem a uma terra distante. Pelo caminho
tinham de atravessar um rio.
__ Por onde passaremos? __
perguntou o Gato. __ O rio leva muita água.
O Rato respondeu:
__ Não faz mal. Fazemos um
barco.
O Gato concordou e logo ali
os dois colheram uma grande raiz de mandioca e fizeram um barco com ela.
Meteram o barco na água, entraram para ele e começaram a atravessar o rio.
Pelo caminho começaram a ter
fome e repararam que não tinham levado comida.
O Gato perguntou então:
__ O que é que nós havemos de
comer?
__ Não te preocupes, amigo
Gato, porque podemos comer o nosso próprio barco.
E os dois começaram a comer o
barco. O Gato pouco comeu porque a mandioca não lhe sabia bem, mas o Rato
comeu, comeu, comeu até que acabou por furar o barco, que foi ao fundo.
O Gato e o Rato tiveram que
nadar até à margem, mas, enquanto o Rato nadava bem e depressa, o Gato que mal
sabia nadar, só com muita dificuldade e muito envergonhado é que conseguiu
chegar a terra.
O Gato olhou então para o
Rato e viu que ele estava com a barriga bem cheia por causa da mandioca,
enquanto ele continuava cheio de fome. Por isso lembrou-se de comer o Rato.
__ Sinto muita fome, Rato. Vou
ter de te comer.
__ Está bem __ disse
o Rato espertalhão __ mas olha que eu estou muito sujo. É melhor ir
primeiro lavar-me. Espera aí.
O Rato afastou-se e
desapareceu. O Gato ainda hoje está à espera.
Contos Moçambicanos: INLD, 1979
http://www.terravista.pt/Bilene/1494/gato1.html
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