quarta-feira, 16 de abril de 2008

História do Indiozinho Chuí


No meio da floresta amazônica vivia uma tribo de índios. Nesta tribo vivia um indiozinho pequenininho, mas com um nome muito grande: Chuiacanga Parapitanga Piriri Pororó. O nome era tão grande e o indiozinho tão pequeno que todos o chamavam de Chuí.
A mãe de Chuí, a Chuôa tinha que sair para cuidar da roça de mandioca e disse:
_ Chuí, você fica aqui dentro da oca e não saia, que é perigoso. E saiu para cuidar da roça.
Chuí esperou, mas estava tão chato que ele colocou a cabeça para fora da oca. Olhou para um lado, olhou para o outro e saiu correndo.
Mais a frente parou. Olhou para um lado, olhou pro outro e como não tinha ninguém, saiu passeando, no meio das árvores. E reparou que as árvores eram altas, altas, altas.
No meio das árvores tinha pássaros, voando, voando, voando.
Chuí continuou andando, até que chegou num rio caudaloso e viu um aponte de corda que balançava pra lá e pra cá. No rio estavam os jacarés, que abriam a boca para ele. Ele foi andando na ponte. Saiu da ponte e continuou o seu passeio.
Chegou a um morro de pedrinhas. Ele subiu pelo morro de pedrinhas. Acabando o morro ele continuou andando. Até que chegou à boca de uma caverna. Ele entrou na caverna. Que foi ficando escura, escura, escura. Lá dentro, de repente ele encontrou em alguma coisa. Alguma coisa grande, alguma coisa larga, alguma coisa alta.
Foi quando ele percebeu que a caverna não era escura. Era ele que estava de olhos fechados. Quando ele abriu os olhos ele viu... uma onça!
Saiu correndo. Desceu o morro das pedrinhas, Continuou correndo. Passou pela ponte de corada. Continuou correndo. Passou pelos jacarés. Continuou correndo. Pelos passarinhos. Continuou correndo. Palas árvores altas, altas, altas. Continuou correndo. Até que chegou na oca. Ele entrou e sabem quem ele encontrou esperando por ele? A mãe!
_Chuí! A mãe não falou pra você não sair da oca? É perigoso!
A mãe de Chuí, que é índia e não igual as nossa, ficou brava, mas não bateu em Chuí. Nem aquelas palmadinhas “pra educar”. Índio não faz isso. Ela conversou com ele. E Chuí nunca mais saiu da oca sem a permissão de sua mãe. Principalmente quando ela estava olhando.
(História enviada por Amauri de Oliveira)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

FLOCOS DE CARINHO

Havia uma pequena aldeia onde o dinheiro não entrava.
Tudo o que as pessoas compravam, tudo o que era cultivado e
produzido por cada um, era trocado.
A coisa mais importante, e valiosa era a AMIZADE.

Quem nada produzia, quem não possuía coisas que pudessem ser trocadas por alimentos, ou utensílios, dava seu CARINHO.

O CARINHO era simbolizado por um floquinho de algodão.
Muitas vezes, era normal que as pessoas trocassem floquinhos sem querer nada em troca.
As pessoas davam seu CARINHO pois sabiam que receberiam
outros num outro momento ou outro dia.

Um dia, uma mulher muito má, que vivia fora da aldeia,
convenceu um pequeno garoto a não mais dar seus floquinhos.

Desta forma, ele seria a pessoa mais rica da cidade e teria o que quisesse. Iludido pelas palavras da malvada, o menino, que era uma das pessoas mais populares e queridas da
aldeia, passou a juntar CARINHOS e em pouquíssimo tempo sua casa estava repleta de floquinhos, ficando até difícil de circular dentro dela.

Daí então, quando a cidade já estava praticamente sem floquinhos, as pessoas começaram a guardar o pouco CARINHO que tinham e toda a harmonia da cidade desapareceu.

Surgiram a ganância a desconfiança, o primeiro roubo, ódio, a discórdia, as pessoas se xingaram pela primeira vez e passaram ignorar-se pelas ruas.
Como era o mais querido da cidade, o garoto foi o primeiro a sentir-se triste e sozinho, o que o fez procurar a velha para perguntar-lhe e dizer-lhe se aquilo fazia parte da riqueza que ele acumularia.

Não a encontrando mais, ele tomou uma decisão. Pegou uma grande carriola, colocou todos os seus floquinhos em cima e caminhou por toda a cidade distribuindo aleatoriamente seu CARINHO.

A todos que dava CARINHO, apenas dizia: Obrigado por receber meu carinho.
Assim, sem medo de acabar com seus floquinhos, ele distribuiu até o último CARINHO sem receber um só de volta.
Sem que tivesse tempo de sentir-se sozinho e triste novamente, alguém caminhou até ele e lhe deu CARINHO.

Um outro fez o mesmo...Mais outro... e outro... até que definitivamente a aldeia voltou ao normal.

(História enviada por Elisabete Batista)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

A Primeira Só


(Marina Colasanti)

Era linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser princesa se não tinha com quem brincar?Sozinha, no palácio, chorava e chorava. Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar.

De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite? Decidiu acabar com tanta tristeza. Chamou o vidraceiro, chamou o moldureiro. E em segredo mandou fazer o maior espelho do reino. E em silêncio mandou colocar o espelho ao pé da cama da filha que dormia.

Quando a princesa acordou, já não estava sozinha. Uma menina linda e única olhava para ela, os cabelos ainda desfeitos do sono. Rápido saltaram as duas da cama. Rápido chegaram perto e ficaram se encontrando. Uma sorriu e deu bom dia. A outra deu bom dia sorrindo.

- Engraçado – pensou uma - , a outra é canhota.

E riram as duas.Riram muito depois.

Felizes juntas, felizes iguais. A brincadeira de uma era a graça da outra. O salto de uma era o pulo da outra. E quando uma estava cansada, a outra dormia.

O rei, encantado com tanta alegria, mandou fazer brinquedos novos, que entregou à filha numa cesta. Bichos, bonecas, casinhas e uma bola de ouro. A bola no fundo da cesta. Porém tão brilhante, que foi o primeiro presente que escolheram.

Rolaram com ela no tapete, lançaram na cama atiraram para o alto. Mas quando a princesa resolveu jogá-la nas mãos da amiga, a bola estilhaçou jogo e amizade.

Uma moldura vazia, cacos de espelho no chão.

A tristeza pesou nos olhos da única filha do rei. Abaixou a cabeça para chorar. A lágrima inchou, já ia cair, quando a princesa viu o rosto que tanto amava. Não um só rosto de amiga, mas tantos rostos de tantas amigas. Não na lágrima que logo caiu mas nos cacos que cobriam o chão.

- Engraçado são canhotas – pensou.

E riram.Riram por algum tempo depois. Era diferente brincar com tantas amigas. Agora podia escolher. Um dia escolheu uma e logo se cansou. No dia seguinte preferiu outra, e esqueceu-se dela logo em seguida. Depois outra e outra, até achar que todas eram poucas. Então pegou uma, jogou contra a parede e fez duas. Cansou das duas, pisou com o sapato e fez quatro. Não achou mais graça nas quatro, quebrou com o martelo e fez oito. Irritou-se com as oito partiu com uma pedra e fez doze.

Mas duas eram menores do que uma, quatro menores do que duas, oito menores do que quatro, doze menores do que oito.

Menores cada vez menores.Tão menores que não cabiam em si, pedaços de amigas com as quais não se podia brincar. Um olho, um sorriso, um pedaço de si. Depois, nem isso, pó brilhante de amigas espalhado pelo chão.

Sozinha outra vez a filha do rei.Chorava Nem sei.

Não queria saber das bonecas, não queria saber dos brinquedos.

Saiu do palácio e foi correr no jardim para cansar a tristeza.

Correu, correu, e a tristeza continuava com ela. Correu pelo bosque, correu pelo prado. Parou à beira do lago.

No reflexo da água a amiga esperava por ela.

Mas a princesa não queria mais uma única amiga, queria tantas, queria todas, aquelas que tinha tido e as novas que encontraria. Soprou na água. A amiga encrespou-se, mas continuou sendo uma.

Então a linda filha do rei atirou-se na água de braços abertos, estilhaçando o espelho em tantos cacos, tantas amigas que foram afundando com ela, sumindo nas pequenas ondas com que o lago arrumava sua superfície.


(História enviada por João André Bonatte)

domingo, 6 de abril de 2008

História do coqueiro


Numa linda manhã, bem no alto de um morro nasceu um majestoso e imponente coqueiro.
A cada dia ele crescia e era admirado por todos, mas bem à distância. Só o coqueiro é que crescia sobre o morro, as outras plantas ficavam lá longe.
Até que um dia, ao pé do coqueiro, trazida pelo vento ou por um passarinho, uma sementinha começou a brotar e se transformou numa minúscula e frágil flor.
_ Ai, ai, oh, céus...óh...
_ Que meleca! Quem ousa perturbar o meu sossego?
Então a florzinha se dá conta que nasceu ao lado de um imenso coqueiro. Sem ter outra planta ao seu redor, se sentindo muito só, começou a puxar conversa com o coqueiro:
_ Seu Coqueiro! Seu Coqueiro! Conversa comigo, Seu Coqueiro!
_ Quem é que tem a ousadia de me incomodar?
_ Sou eu, Seu Coqueiro, a Florzinha. Conversa comigo, Seu Coqueiro, estou tão sozinha.
_ Ora, que puxa!!! Não me amole. Não vou perder meu precioso tempo com qualquer um.
_ Ah, Seu Coqueiro, conversa comigo! Você já reparou como o dia está lindo hoje?
_ Lindo? Não vejo nada de lindo além de mim.
_ Seu Coqueiro, como é a vista aí de cima? Aqui embaixo eu não vejo nada. Conta pra mim.
_ Não me amole, não quero saber de conversa!
Neste instante aparecem nuvens negras no horizonte, que vão chegando e escurecendo todo o céu.
_ Seu Coqueiro, o que tá acontecendo, Seu Coqueiro?
_ Pra mim não está acontecendo nada. Agora pra você vai acontecer uma tempestade que vai te levar daqui pra sempre! Ah! Ah! Ah!
_ Seu Coqueiro, eu to com medo, Seu Coqueiro! O que nós vamos fazer?_ Eu não vou fazer é nada, pode vir tempestade!
O temporal chegou!
E o vento mandava o coqueiro para um lado e depois para o outro lado. E a Florzinha gritava:
_ Socorro, Seu Coqueiro!
Quando de repente.... Cai o coqueiro!
A chuva cessa e a florzinha:
_Seu Coqueiro? Ué?! Ele morreu. Ele era tão bonzinho, me fazia tanta companhia, conversava tanto comigo. Agora ele ta lá no céu dos cocos. Agora ele tá em paz...
Quanto maior a altura, maior o tombo!

(História enviada por Amauri de Oliveira)

GUILHERME AUGUSTO ARAÚJO FERNANDES "MEM FOX"


Era uma vez um menino chamado Guilherme Augusto Araujo Fernandes e ele nem era tão velho assim.
Sua casa era ao lado de um asilo de velho e ele conhecia todo mundo que vivia lá.Ele gostava da Sra. Silvano que tocava piano.Ele ouvia as histórias arrepiantes que lhe contava o Sr. Cervantes.Ele brincava com o Sr. Valdemar que adorava remar.Ajudava a Sra. Mandala que andava com uma bengala. E admirava o Sr. Possante que tinha voz de gigante.
Mas a pessoa que ele mais gostava era a Sra. Antonia Maria Dinis Cordeiro, porque ela tambem tinha quatro nomes, como ele.
Ele a chamava de Dna. Antonia e contava-lhe todos os seus segredos.
Um dia, Guilherme Augusto escutou sua mãe e seu pai conversando sobre Dna. Antonia.
- Coitada da velhinha - disse sua mãe.
- Por que ela é coitada? - perguntou Guilherme Augusto.
- Porque ela perdeu a memória - respondeu seu pai.
- Tembém, não é para menos - disse sua mãe.
- Afinal, ela já tem noventa e seis anos.
- O que é uma memória? - perguntou Guilherme Augusto. Ele vivia fazendo perguntas.
- É algo de que você se lembre - respondeu o pai.
Mas Guilherme Augusto queria saber mais; então, ele procurou a Sra. Silvano que tocava piano.
- O que é uma memória? - perguntou.
- Algo quente, meu filho, algo quente.
Ele procurou o Sr. Cervantes que lhe contava histórias arrepiantes.
- O que é uma memória? - perguntou.
- Algo bem antigo, meu caro, algo bem antigo.
Ele procurou o Sr. Valdemar que adorava remar.
- O que é uma memória? - perguntou.
- Algo que faz chorar, meu menino, algo que faz chorar.
Ele procurou a Sra. Mandala que andava com uma bengala.
- O que é uma memória? - perguntou.
- Algo que o faz rir, meu querido, algo que o faz rir.
Ele procurou o Sr. Possante que tinha voz de gigante.
- O que é uma memória? - perguntou.
- Algo que vale ouro, meu jovem, algo que vale ouro.
Então, Guilherme Augusto voltou para casa, para procurar memórias para Dna. Antonia, ja que ela havia perdido as suas.
Ele procurou uma antiga caixa de sapato cheia de conchas, guardadas há muito tempo, e colocou-as com cuidado numa cesta.Ele achou uma marionete, que sempre fizera todo mundo rir, e colocou-a na cesta também.
Ele lembrou-se, com tristeza, da medalha que seu avô lhe tinha dado e colocou-a delicadamente ao lado das conchas.
Depois achou sua bola de futebol, que para ele valia ouro; por fim, entrou no galinheiro e pegou um ovinho fresquinho, ainda quente, debaixo da galinha.
Aí, Guilherme Augusto foi visitar Dna. Antonia e deu à ela, uma por uma, cada coisa de sua cesta.
"Que criança adorável que me traz essas coisas maravilhosas", pensou Dna. Antonia.
E então ela começou a se lembrar.
Ela segurou o ovo ainda quente e contou a Guilherme Augusto sobre um ovinho azul, todo pintado, que havia encontrado uma vez, dentro do ninho, no jardim da casa de sua tia.
Ela encostou uma das conchas no ouvido e lembrou da vez que tinha ido à praia de bonde, há muito tempo, e como sentira calor com suas botas de amarrar.
Ela pegou a medalha e lembrou com tristeza, de seu irmão mais velho, que havia ido para a guerra e que nunca voltou.
Ela sorriu para a marionete e lembrou da vez em que mostrara uma para sua irmãzinha, que rira às gargalhadas, com a boca cheia de minguau.
Ela jogou a bola de futebol para Guilherme Augusto e lembrou do dia em que se conheceram e de todos os segredos que haviam compartilhado.
E os dois sorriram e sorriram, pois toda a memória perdida de Dna. Antonia tinha sido encontrada, por um menino que nem era tão velho assim.

(História enviada por Marcia Balzani)