sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Pedro Malasartes

 


Meu senhor e minha senhora, não há neste mundão de meu Deus, ser vivente de qualidade semelhante a Pedro Malasartes. Em todo canto do mundo, no sertão ou na cidade, no interior ou nos estrangeiros, não há quem nunca tenha ouvido falar ou melhor ainda, quem não tenha participado de uma aventura com este herói, meio bufão, meio herói, justiceiro das malvadezas feitas aos pobres e desvalidos.

Um tipo de arlequim, matuto, sempre com suas manhas e artimanhas, enganos, astúcias e malandragens enfrentando os poderosos, reis, coronéis ou mesmo os mais comuns, patrões ignorantes ou senhores mesquinhos.

Pedro Malasartes, conhecido em vários países, com nomes diferentes, mas sempre com a mesma esperteza e ladino como ele só, já passou de norte a sul deste Brasil, mostrando que o pobre pode o ser pela falta de moeda corrente, mas nunca pela falta de imaginação e esperteza.

Diferente do ditado popular: “Para Pedro, Pedro para!”, Pedro Malasartes não deve parar nunca com a sua sina. Fazendo o errado para que as coisas fiquem certas, quer seja vendendo rabinhos de porco no lugar dos próprios, quer seja oferecendo urubus encantados e falantes, ensinando a plantar árvores de dinheiro ou receitas de sopa de pedra.

Viva Pedro Malasartes!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

O peixe

 



 

 Um peixe

 em

 liberdade

 no frio

 do fundo

 rio

 em verdade

 mais voa

 que nada.

 

 

                               (Elias José)

                              (Caixa mágica de surpresa, S. Paulo, Edições Paulinas, 1985).

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Mas não é

 



A farinha tá no fogo mas não é para tostar,

O botão parou na porta mas não é para entrar.

 

O martelo dá cabeçadas mas não é por querer,

O monjolo sobe e desce mas não é para te ver.

 

O piolho põe o pé na cabeça mas não é por prevenção,

O vaga-lume escolhe o escuro mas não é por precisão.

 

Meu burro morreu mas não foi de pensar,

A preguiça cansou mas não foi de trabalhar.

 

O olho do poço está cheio d'água mas não é de mágoa,

A losna é amarga como fel mas não é porque ela quer.

 

Livro: Batata Cozida, Mingau De Cará - Eloí Elisabete Bocheco