quinta-feira, 26 de março de 2009

Histórias





Quem inventa uma historinha,CRIA.
Quem adapta ou reconta, RECRIA,
Quem inventa uma nova história, baseada na primeira, TRANSCRIA.

O TEXTO é uma criação.
O TRANSTEXTO é uma recriação.
O HIPERTEXTO é uma transcriação, baseada num primeiro texto,
chamado hipotexto.

Uma historinha, portanto, pode ser
CRIADA, RECRIADA ou TRANSCRIADA,
isto é,
pode ser CONTADA, RECONTADA OU TRANSCONTADA.

As historinhas, como certos besouros, são CASCUDAS.
Os besouros cascudos parece que têm várias asas superpostas.
Assim também as historinhas:
à medida que voam de um lugar para outro, criam novas asas, novas cascas.

Luís da Câmara Cascudo era um mestre
na arte de registrar, estudar e comparar
as asas das HISTORINHAS CASCUDAS.


Horácio Dídimo
Enviado por Neusa Lucia Braga Cia

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sempre não


Um cavaleiro, casado com uma dama nobre e formosa, teve de ir fazer uma longa jornada: receando acontecesse algum caso desagradável enquanto estivesse ausente, fez com que a mulher lhe prometesse que enquanto ele estivesse fora de casa diria a tudo: – Não. Assim pensava o cavaleiro que resguardaria o seu castelo do atrevimento dos pajens ou de qualquer aventureiro que por ali passasse. O cavaleiro já havia muito que se demorava na corte, e a mulher aborrecida na solidão do castelo não tinha outra distracção senão passar as tardes a olhar para longe, da torre do miradouro. Um dia passou um cavaleiro, todo galante, e cumprimentou a dama: ela fez-lhe a sua mesura. O cavaleiro viu-a tão formosa, que sentiu logo ali uma grande paixão, e disse:
– Senhora de toda a formosura! Consentis que descanse esta noite no vosso solar?
Ela respondeu:
– Não!
O cavaleiro ficou um pouco admirado da secura daquele não, e continuou:
– Pois quereis que seja comido dos lobos ao atravessar a serra?
Ela respondeu:
– Não.
Mais pasmado ficou o cavaleiro com aquela mudança, e insistiu:
– E quereis que vá cair nas mãos dos salteadores ao passar pela floresta?
Ela respondeu:
– Não.
Começou o cavaleiro a compreender que aquele Não seria talvez sermão encomendado, e virou as suas perguntas:
– Então fechais-me o vosso castelo?
Ela respondeu:
– Não.
– Recusais que pernoite aqui?
– Não.
Diante destas respostas o cavaleiro entrou no castelo e foi conversar com a dama e a tudo o que lhe dizia ela foi sempre respondendo
– Não.
Quando no fim do serão se despediam para se recolherem a suas câmaras, disse o cavaleiro:
– Consentis que eu fique longe de vós?
Ela respondeu:
– Não.
– E que me retire do vosso quarto?
– Não.
O cavaleiro partiu, e chegou à corte, onde estavam muitos fidalgos conversando ao braseiro, e contando as suas aventuras. Coube a vez ao que tinha chegado, e contou a história do Não; mas quando ia já a contar a modo como se metera na cama da castelã, o marido já sem ter mão em si, perguntou agoniado:
– Mas onde foi isso cavaleiro?
O outro percebeu a aflição do marido e continuou sereno:
– Ora quando ia eu a entrar para o quarto da dama, tropeço no tapete, sinto um grande solavanco, e acordo! Fiquei desesperado em interromper-se um sonho tão lindo.
O marido respirou aliviado, mas de todas as histórias foi aquela a mais estimada.


Conto Português

Os Sete Corvos



Houve uma vez um homem que tinha sete filhos e, por mais que desejasse, nem uma filha. Finalmente, certo dia, a mulher deu à luz uma menina. Foi grande a alegria de ambos, mas a menina nasceu tão franzina e tão débil que tiveram que batizá-la às pressas.
O pai mandou que um dos rapazes fosse depressa buscar água na fonte para a batizar; os outros seis foram junto e, como cada qual queria para si o privilégio de encher a bilha, esta caiu na água e desapareceu. Confusos, sem saber o que fazer e não ousando voltar para casa, quedavam-se lá parados. O pai, vendo que se demoravam tanto, impacientou-se:
- Aposto que aqueles marotos estão lá brincando e esqueceram-se da água!
E, com medo que a menina morresse sem batismo, gritou indignado:
- Quisera que se transformassem todos em corvos!
Mal acabou de pronunciar essas palavras, ouviu sobre a cabeça um ruflar de asas e viu sete corvos pretos como carvão alçarem vôo e desaparecerem.
Era tarde demais para retirar a maldição pronunciada num assomo de raiva. Mas, embora desolado com a perda dos sete filhos, procurava consolar-se com a menina, que se foi fortalecendo e se tornando cada dia mais bonita.
A menina ignorou, durante muito tempo, que tivera irmãos, porque os pais tinham o cuidado de não aludir a eles. Certo dia, porém, ouviu os vizinhos comentarem que ela era de fato muito linda, mas não deixava de ser a causa da desgraça de seus sete irmãos. Ouvindo isso, a menina ficou profundamente triste e perguntou aos pais se já tivera irmãos e o que era feito deles.
Os pais, então, não puderam mais ocultar a verdade e contaram-lhe tudo, dizendo que fora um decreto do Céu e que seu nascimento não fora mais que inocente pretexto.
A menina, porém, vivia amargurada com a idéia de ter sido a causa de seus males e achava que devia fazer tudo para libertar os irmãos. Não teve mais sossego e, um belo dia, saindo furtivamente de casa, foi pelo mundo afora, decidida a libertá-los, custasse o que custasse. Não levou consigo mais que um anelzinho ganho dos pais como lembrança; um pão para matar a fome, um cântaro de água para saciar a sede e uma cadeirinha para descansar quando estivesse cansada.
Andou, andou, sempre para frente, longe, longe, até o fim do mundo. Chegou onde estava o Sol, mas ele era muito quente e assustador e gostava de devorar as crianças. Então fugiu depressa e foi onde estava a Lua, mas esta era muito fria, severa e má. Vendo a menina, disse:
- Sinto cheiro, sinto cheiro de carne humana!
A menina fugiu, correndo o mais rapidamente possível e foi onde estavam as estrelas, que a receberam gentilmente e com muita bondade. Estavam todas sentadas, cada qual em seu banquinho, mas a estrela d'alva levantou-se e, dando-lhe um ossinho de galinha, disse:
- Sem este ossinho não conseguirás abrir a porta da montanha de vidro, onde se encontram teus irmãos.
A menina aceitou o ossinho, embrulhou-o bem no lenço e foi andando até chegar à montanha de vidro. Ao chegar lá, viu que o portão estava fechado, então procurou o ossinho para abri-lo mas, infelizmente, o lenço estava vazio. Tinha perdido o presente das boas estrelas.
Que fazer? Queria a todo o custo salvar os irmãos e não encontrava a chave para entrar na montanha de vidro. Então a irmãzinha bondosa pegou uma faca, cortou o dedo mindinho, introduziu-o na fechadura e, com grande facilidade, conseguiu abrir o portão. Quando entrou, veio um anão ao seu encontro e perguntou-lhe:
- Que procuras aqui, minha filha?
- Procuro meus irmãos, os sete corvos.
- Os senhores corvos não estão em casa, mas, se quiseres esperar até que voltem, entra e fica à vontade.
Depois o anãozinho serviu o jantar dos corvos em sete pratinhos e sete copinhos; a irmãzinha provou um pouco de cada pratinho e bebeu um gole de cada copinho; no último copinho, deixou cair o anel que trazia consigo.
Repentinamente, ouviu-se no ar um ruflar de asas e um forte crocitar. O anão disse:
- Os senhores corvos estão chegando, ei-los!
Chegaram, com efeito e queriam comer e beber; então cada qual procurou o seu pratinho e o seu copinho e logo exclamaram, um após o outro:
- Quem comeu do meu pratinho?
- Quem bebeu do meu copinho? Vejo que foi roçado por lábios humanos!
Quando o sétimo foi beber, ao esvaziar o copinho, caiu-lhe na boca o anel. Pegou-o e reconheceu que era um anel de seus pais. Então exclamou:
- Queira Deus que nossa irmãzinha esteja aqui! Assim seremos libertados.
Ao ouvir essas palavras, a menina, que os espreitava de trás da porta, apareceu e os corvos imediatamente recobraram o aspecto humano.
Então, abraçaram-na e beijaram-na muito contentes; depois, cheios de felicidade, regressaram todos para casa.

O Lobo e os Sete Cabritinhos



Era uma vez uma velha cabra que tinha sete cabritinhos e os amava, como uma boa mãe pode amar os filhos. Um dia, querendo ir ao bosque para as provisões do jantar, chamou os sete filhinhos e lhes disse:
- Queridos pequenos, preciso ir ao bosque; cuidado com o lobo; se ele entrar aqui, come-vos todos com uma única abocanhada. Aquele patife costuma disfarçar-se, logo o reconhecereis, porém, pela voz rouca e pelas patas negras.
Os cabritinhos responderam:
- Podeis ir sossegada, querida mamãe, ficaremos bem atentos.
Com um balido, a velha cabra afastou-se confiante. Pouco depois, alguém bateu à porta, gritando:
- Abri, queridos pequenos; está aqui vossa mãezinha que trouxe um presente para cada um!
Mas os cabritinhos perceberam, pela voz rouca, que era o lobo.
- Não abrimos nada, - disseram - não é a nossa mamãe; a mamãe tem uma vozinha suave; a tua é rouca; tu és o lobo!
Então o lobo foi a um negócio, comprou um grande pedaço de argila, comeu-o e assim a voz dele tornou-se mais suave. Em seguida, voltou a bater à porta, dizendo:
- Abri, queridos pequenos; está aqui a vossa mãezinha que trouxe um presente para cada um!
Mas havia apoiado a pata negra na janela; os pequenos viram-na e gritaram:
- Não abrimos, nossa mamãe não tem as patas negras como tu; tu és o lobo.
O lobo correu, então, até o padeiro e lhe disse:
- Machuquei o pé, queres esparramar-lhe em cima um pouco de massa?
Quando o padeiro lhe espargiu a massa na pata, correu até o moleiro e disse:
- Espalha um pouco de farinha de trigo na minha pata.
O moleiro pensou: "Este lobo está tentando enganar alguém" e recusou-se a atendê-lo. O lobo, porém, ameaçou-o:
- Se não o fizeres, devoro-te!
O moleiro, então, se assustou e polvilhou-lhe a pata. Aliás, isso é comum entre os homens. O malandro foi, pela terceira vez, bater à porta dos cabritinhos, dizendo:
- Abri, pequenos, vossa querida mãezinha voltou do bosque e trouxe um presente para cada um de vós!
Os cabritinhos gritaram:
- Mostra-nos primeiro a tua pata para que saibamos se és realmente nossa mamãezinha.
O lobo não hesitou, colocou a pata sobre a janela e, quando viram que era branca, acreditaram no que dizia e abriram-lhe a porta. Mas foi o lobo que entrou. Os cabritinhos, amedrontados, trataram de se esconder. O primeiro escondeu-se debaixo da mesa, o segundo meteu-se embaixo da cama, o terceiro correu para dentro do forno, o quarto foi para a cozinha, o quinto fechou-se no armário, o sexto dentro da pia e o sétimo na caixa do relógio de parede. Mas o lobo encontrou-os todos e não fez cerimônias; engoliu-os um após o outro. O último, porém, que estava dentro da caixa do relógio, não foi descoberto. Uma vez satisfeito, o lobo saiu e foi deitar-se sob uma árvore, no gramado fresco do prado e não tardou a ferrar no sono. Não tardou muito e a velha cabra regressou do bosque.
Ah, o que se lhe deparou! A porta da casa escancarada; mesa, cadeiras, bancos, tudo de pernas para o ar. A pia em pedaços, as cobertas, os travesseiros arrancados da cama. Procurou logo os filhinhos, não conseguindo encontrá-los em parte alguma. Chamou-os pelo nome, um após o outro, mas ninguém respondeu. Ao chamar, por fim, o menor de todos, uma vozinha sumida gritou:
- Querida mamãezinha, estou aqui, dentro da caixa do relógio.
Ela tirou-o de lá e o pequeno contou-lhe que viera o lobo e devorara todos os outros. Imaginem o quanto a cabra chorou pelos seus pequeninos! Saiu de casa desesperada, sem saber o que fazer; o cabritinho menor saiu-lhe atrás. Chegando ao prado, viram o lobo espichado debaixo da árvore, roncando de tal maneira que fazia estremecer os galhos. Observou-o atentamente, de um e de outro lado e notou que algo se mexia dentro de seu ventre enorme.
- Ah! Deus meu, - suspirou ela - estarão ainda vivos os meus pobres pequenos que o lobo devorou?
Mandou o cabritinho menor que fosse correndo em casa apanhar a tesoura, linha e agulha também. De posse delas, abriu a barriga do monstro; ao primeiro corte, um cabritinho pôs a cabeça de fora e, conforme ia cortando mais, um por um foram saltando para fora; todos os seis, vivos e perfeitamente sãos, pois o monstro, na sanha devoradora, os engolira inteiros, sem mastigar.
Que alegria sentiram ao ver a mãezinha! Abraçaram-na, pinoteando felizes como nunca. Mas a velha cabra lhes disse:
- Ide depressa procurar algumas pedras para encher a barriga deste danado antes que ele desperte.
Os cabritinhos, então, saíram correndo e daí a pouco voltaram com as pedras, que meteram, tantas quantas couberam, na barriga ainda quente do lobo. A velha cabra, muito rapidamente, coseu-lhe a pele de modo que ele nem chegou a perceber.
Finalmente, tendo dormido bastante, o lobo levantou-se e, como as pedras que tinha no estômago lhe provocassem uma grande sede, foi à fonte para beber; mas, ao andar e mexer-se, as pedras chocavam-se na barriga, fazendo um certo ruído. Ele então pôs-se a gritar:
Dentro da pança,
que é que salta e pula?
Cabritos não são;
parece pedra miúda!
Chegando à fonte, debruçou-se para beber; entretanto, o peso das pedras arrastou-o para dentro da água, onde se acabou afogando miseravelmente. Vendo isso, os sete cabritinhos saíram correndo e gritando:
- O lobo morreu! O lobo morreu!
Então, juntamente com a mãezinha, dançaram alegremente em volta da fonte.

A Raposa e o Tambor


Conta-se que uma raposa esfomeada chegou a um bosque onde, ao lado de uma árvore, havia um tambor, que soava furiosamente cada vez que, ao sopro do vento, os ramos da árvore se moviam e batiam nele.

Ao ouvir tal ruído, a raposa dele se aproximou e, já em frente ao tambor, pensou: "Este deve conter muita carne e muita gordura." Lançou-se sobre ele e, esforçando-se, conseguiu rompê-lo. Ao ver que era oco, disse: "Talvez as coisas mais desprezíveis sejam aquelas de maior tamanho e de voz mais forte."

AL-MUKAFA, Ibn. Calila e Dimna. trad. Mansour Chalita. Rio de Janeiro: Associação Cultural Internacional Gibran, s.d. p. 13.

A Raposa e o Leão


Uma raposa muito jovem, que nunca tinha visto um leão, estava andando pela floresta e deu de cara com um deles. Ela não precisou olhar muito para sair correndo desesperada na direção do primeiro esconderijo que encontrou. Quando viu o leão pela segunda vez, a raposa ficou atrás de uma árvore a fim de poder olhar para ele antes de fugir. Mas na terceira vez a raposa foi direto até o leão e começou a dar tapinhas nas costas dele, dizendo:

__ Oi, gatão! Tudo bem aí?

Moral: Da familiaridade nasce o abuso.

FÁBULAS de Esopo. compilação: Russell Ash e Bernard Higton. trad. Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1994. p. 54.

O Camponês Ling e Suas Sete Máscaras



(Fábula chinesa oriunda de tradição oral - Autor anônimo)

Era uma vez um camponês que tinha medo, muito medo. Tanto medo que saía pouco. Plantava e criava animais em sua própria terra, para não precisar sair muito. Como saía pouco, cada vez foi ficando com mais medo e pensou que uma forma de esconder o medo era usar uma máscara. Fez uma, mas achou que em certas ocasiões talvez fosse melhor fazer mais uma e assim fez duas, depois três, quatro, cinco, seis e sete. E mais não fez porque não tinha como colocá-las. Aí parou de fazer máscaras, usava uma sobre a outra. Estas máscaras pesavam, incomodavam, via pouco, ouvia pouco, perdeu a noção de calor e frio, desaprendendo a viver sem máscaras. Passou a sair menos ainda porque assim não tinha que responder perguntas, nem ver gente. Plantava, colhia, cuidava dos animais. Fazia grandes provisões para sair cada vez menos. Um dia percebeu que não tinha mais sal, mas para não ter que sair passou sem sal, a comida perdeu o sabor e um de seus poucos prazeres terminou. Apesar disto resistiu muito, comendo a comida sem sal até resolver que precisava ir à vila mais próxima para comprar sal. Mas, fazia tanto tempo que não saía, que não lembrava mais do caminho. Só conseguia lembrar vagamente que precisava encontrar uma trilha dentro do bosque. Adiou, adiou até que resolveu enfrentar o medo e foi. Entrou no bosque e havia várias trilhas, escolheu uma, andou muito, anoiteceu e o LING percebeu que não sabia mais chegar à vila. Então teve muito medo. Teve medo do escuro, do frio, dos animais e dos salteadores. Só que não tinha escolha, pois não sabia voltar, encolheu-se e dormiu. No meio da noite foi acordado, eram os salteadores. Queriam dinheiro. Não havia dinheiro. Tinha apenas alguns ovos que usaria para trocar pelo sal. Os salteadores irritados levaram os ovos, suas roupas, sapatos, as máscaras e também lhe deram uma surra.
O camponês LING machucado e com medo encolheu-se e chorou. Depois o cansaço foi maior que o medo e LING dormiu. Foi acordado por um forte calor e viu uma claridade que não sabia o que era, nem de onde vinha. Desta vez não teve medo, sentiu-se bem, espreguiçou-se, esquentou-se e dançou. Ficou alegre e lembrou que aquele calor e aquela luz eram do sol, e ficou espantado tentando entender como havia esquecido do Sol.
LING caminhou nu e feliz, descobrindo cores, cheiros, novas trilhas e muitas coisas com novos sabores para comer nestes caminhos. Riu e pulou feliz com as descobertas e esqueceu de que havia saído para buscar o sal. Quando chegou ao fim de uma das trilhas, ficou surpreso pois havia voltado ao começo do caminho, e estava perto da casa.
LING improvisou uma canção ao ver sua casa, deu comida aos animais, cuidou de suas plantas e colheu o que havia para ser colhido. Aí lembrou-se do sal e que afinal tudo tinha acontecido por causa dele. Zangado, LING começou a esbravejar, e a querer destruir tudo a sua volta. Na sua fúria virou uma tina em que há muito tempo havia colocado água do mar e para sua surpresa esparramou-se uma grande quantidade de poeira branca. LING provou uma pitada da poeira e descobriu que no fundo da tina, na qual não mexia há anos, havia se acumulado uma grande quantidade de sal...

Vaca Estrela e Boi Fubá



Patativa do Assaré
Seu doutor, me dê licença

Da minha história contar

Hoje eu tô em terra estranha

É bem triste o meu penar

Eu já fui muito feliz

Vivendo no meu lugar

Eu tinha cavalo bom

Gostava de campear

Todo dia eu aboiava

Na porteira do curral
Eeeeeiaaa, êeeeeee vaca

EstrelaÔooooo boi Fubá

Eu sou filho do nordeste

Não nego meu naturá

Mas uma seca medonha

Me tangeu de lá pra cá
Lá eu tinha o meu gadinho

Não é bom nem imaginar

Minha linda vaca Estrela

Meu belo boi Fubá

Quando era de tardinha

Eu começa a aboiar

Eeeeeiaaa, êeeeeee vaca

EstrelaÔooooo boi Fubá

Aquela seca medonha

Fez tudo se atrapalhar

Não nasceu capim no campo

Para o gado sustentar

O sertão se estorricou

Fez o açude secar

Morreu minha vaca Estrela

Se acabou meu boi Fubá

Perdi tudo quanto eu tinha

Nunca mais pude aboiar

Eeeeeiaaa, êeeeeee vaca

EstrelaÔooooo boi Fubá

Hoje nas terras do sul

Longe do torrão natal

Quando vejo em minha frente

Uma boiada a passar

As água corre nos óio

Começo logo a chorar

Lembro a linda vaca Estrela

E o meu belo boi Fubá

Com sôdade do nordeste

Dá vontade de aboiar

Eeeeeiaaa, êeeeeee vaca Estrela

Ôooooo boi Fubá

A flor e a pedra


“Era uma vez uma flor que nasceu no meio das pedras. Quem sabe como conseguiu crescer e ser um sinal de vida no meio de tanta tristeza. Passou uma jovem e ficou admirada com a flor. Logo pensou em Deus. Cortou a flor e a levou para a igreja. Mas, após uma semana, a flor tinha morrido”.

“Era uma vez uma flor que nasceu no meio das pedras. Quem sabe como conseguiu crescer e ser um sinal de vida no meio de tanta tristeza. Passou um homem, viu a flor, pensou em Deus, agradeceu e a deixou ali; não quis cortá-la para não matá-la. Mas, dias depois, veio uma tempestade e a flor morreu”.

“Era uma vez uma flor que nasceu no meio das pedras. Quem sabe como conseguiu crescer e ser um sinal de vida no meio de tanta tristeza. Passou uma criança e achou que aquela flor era parecida com ela: bonita, mas, sozinha. Decidiu voltar todos os dias. Um dia regou, outro dia trouxe terra, outro dia podou, depois fez um canteiro, colocou adubo. Tempos depois, lá onde só havia pedras e uma flor, nasceu um jardim!...”.(autor desconhecido).

A tesoura e a agulha



Desde pequena, a moça se acostumara a conviver com tecidos, tesouras, agulhas e linhas de diversos padrões e cores. Sua mãe, exímia costureira, sustentava toda a família com muito trabalho e honestidade.
A moça casara com um frio empresário que gastava as energias com os negócios e dava muita importância ao que ela nem sempre julgava essencial.
Já estava acostumada a ver o marido cortar os passeios com os filhos por um almoço de negócios, já não agüentava ouvir o marido falar em cortes, mudanças precipitadas... Isso sem falar nas inúmeras vezes que foi cortada ao tentar argumentar, discutir os problemas do cotidiano...
Numa rara noite em que todos estavam em casa, a caçula começou a implicar com o irmão.
O pai, sempre ocupado, não suportava o barulho e sem querer ouvir ou entender a situação mandou as duas crianças para o quarto, sem conversa.
A mulher simplesmente pegou sua caixinha de costura com alguns retalhos e chamou o marido:
- Agora não, meu bem!
- Agora sim, querido!
O homem percebendo que não tinha escolha, sentou-se e ficou olhando os retalhos, a agulha, a tesoura, carretéis de linha sem nada compreender.

- Meu bem, para que serve a tesoura? - perguntou brandamente a mulher.
- Para cortar, aparar...
- E a agulha?
- Para costurar, ora!
- Você consegue fazer uma colcha de retalhos só cortando?
- Na verdade não faria de jeito nenhum - não sei costurar, lembra?
- Não estou brincando! Você já viu ou soube de alguma costureira que costura sem linha e agulha, só com tesoura?
- Claro que não, meu amor.
- Minha mãe me falou um dia, quando meu pai nos deixou, que nossa família era como uma colcha de retalhos. Cada um de nós era um retalho colorido. Para que nossa colcha fique sempre bonita precisamos usar a agulha e as linhas.
- E daí?
- Daí que você só sabe usar a tesoura. Corta nossos momentos de lazer, corta a minha palavra, corta o diálogo com as crianças. Você só separa, separa...
- Eu?
- Sim. Aprenda a unir nossa família. Aprenda a unir o seu trabalho à nossa família, unir os seus amigos aos meus... Qualquer dia você perceberá o quanto nos cortou de sua vida e talvez seja tarde.
O marido nada disse - sinal de que ia pensar, refletir. Mudanças demandam tempo.

- Não vou mais falar sobre isso. Só quero que você pense, tá? Estou no quarto das crianças. Vou costurá-las porque não quero dois retalhos tão importantes de minha vida separados. Boa noite!
- Boa noite.
Dali a meia hora o marido entrou no quarto em que brincavam as crianças, enquanto a mulher costurava uma bonita colcha de retalhos.
A cena enterneceu o homem e o fez juntar-se aos três. Abraçou-os e os levou para jantar.

Do livro: Histórias que Motivam
Autor: Assis Almeida
Editora: Premius Editora

A Verdade, a Mentira, o Fogo e a Água


Lenda etíope


Há muito tempo, a Verdade, a Mentira, o Fogo e a Água estavam viajando e chegaram a um rebanho de gado. Discutiram o assunto e chegaram à conclusão de que seria melhor dividir o rebanho em quatro partes iguais para que cada um pudesse levar consigo uma quantidade igual de animais. Mas a Mentira era gananciosa e arquitetou um plano para ficar com uma parte maior.

- Ouça o meu conselho - sussurou ela, puxando a Água para um canto.

- O Fogo está planejando queimar toda a relva e as árvores das suas margens para conduzir seu gado pelas planícies e ficar com os animais para si. Se eu fosse você, acabaria com ele logo agora, e assim repartiríamos a parte dele entre nós. A Água foi tola o suficiente para acatar o conselho da Mentira e lançou-se sobre o Fogo, apagando-o. E a Mentira dirigiu-se em seguida para a Verdade, sussurando-lhe:

- Veja só o que fez a Água! Acabou com o Fogo para ficar com o gado dele. Não deveríamos associar-nos a alguém assim. Deveríamos pegar todo o gado e partir para as montanhas. A Verdade acreditou nas palavras da Mentira e concordou com seu plano. E, juntas, levaram o gado para as montanhas.

- Esperem por mim - disse a Água, correndo no se encalço, mas é claro que não conseguiu correr morro acima. E foi deixada para trás, no vale. Ao chegarem no topo da montanha mais alta, a Mentira virou-se para a Verdade e pôs-se a rir.

- Consegui enganá-la, sua idiota! - disse ela, soltando uma risada estridente.

- Agora você vai me dar todo o gado e será minha escrava, ou eu a destruirei.

- Ora essa! Você me enganou - admitiu a Verdade.

- Mas eu jamais serei sua escrava. E as duas brigaram; e enquanto se batiam, os trovões ecoavam pelas montanhas. As duas se agrediram como o quê, mas nenhuma conseguiu destruir a outra. Acabaram decidindo chamar o Vento para decidir quem seria a vencedora da disputa. E o Vento subiu a montanha a todo velocidade, e escutou o que ambas tinham a dizer. E por fim falou:

- Não me cabe apontar a vencedora. A Verdade e a Mentira estão fadadas à disputa. Às vezes, a Verdade ganhará; outras vezes a Mentira prevalecerá; neste caso, a Verdade deverá se erguer e tornar a lutar. Até o fim do mundo, a Verdade deverá combater a Mentira e jamais buscar o descanso ou baixar a guarda; caso contrário, será aniquilada para sempre. Assim é que a Verdade e a Mentira continuam lutando até hoje.

O Livro das Virtudes - William J. Bennett - Editora Nova Fronteira

As duas metades da vida



Um mulá, orgulhoso dono de um barco, levou o mestre-escola da vila para uma excursão no Mar Cáspio.
O mestre-escola descansava, olhando as nuvens, quando perguntou ao mulá: "Que tempo teremos hoje?".
O mulá verificou a direção do vento, olhou para o sol, franziu a testa e respondeu: "Se queres saber, acho que nós vai ter uma tempestade."
Escandalizado com tal resposta, o mestre-escola fez uma careta e reclamou: "Mulá, o senhor nunca aprendeu gramática? Não é "nós vai", é "nós vamos".
O mulá respondeu a essa repreensão com apenas um encolher de ombros. "Que me importa a gramática?", ele perguntou.
O mestre-escola ficou quase louco: "O senhor não sabe gramática! Isso significa que metade da sua vida está perdida".
Conforme o mulá havia predito, nuvens escuras surgiram no horizonte, uma ventania forte agitou as ondas, e o barco era chacoalhado como uma casca de noz. As ondas encheram o barco com montes de água. Aí, então, o mulá perguntou ao mestre-escola: "O senhor sabe nadar?."
O professor retrucou: "Não, porque deveria eu aprender a nadar?".
Dando um sorriso largo, o mulá respondeu: "Pois neste caso sua vida inteira está perdida, porque nosso barco já vai afundar."


Do livro: O Mercador e o Papagaio - Nossrat Peseschkian - Papirus Editora

Um mito aborígine astrauliano



Há muitos e muitos anos, na primavera do universo, quando tudo o que existe na terra era jovem, duas irmãs caminhavam pelos campos cobertos de belíssimas flores.Saciavam a fome com as deliciosas raízes que tiravam da terra.

Certa vez, ao anoitecer, uma das meninas abaixou-se para colher uma flor que chamou a sua atenção por ser maior que todas as outras.

Ao observar as pétalas, viu estampada numa delas o rostinho de um bebê. A carinha era tão bonita que a amenina arrancou um pedaço de casca de árvore e com ele fez uma caixinha , onde guardou a flor.

Era como se a flor fosse o seu grande tesouro e ela quisesse protegê-lo.Pôs a caixa num galho de árvore e , todas as tardes,depois do passeio, ia visitá-la.E não contou o segredo para a irmã.

Acontece que lentamente a flor foi se transformando num garotinho que , a cada dia, ficava mais forte e saudável.O verão terminou.Com a chegada do outono, as noites começaram a esfriar e a criança , a enfraquecer.Seu rostinho afinou.A menina encontrou uma coberta feita de pele de animal e agasalhou o bebê -flor.

Um dia ela contou a irmã sobre o seu estranho filhinho.A irmã ficou muito feliz com a novidade.Juntas, cuidaram do garotinho com toda a dedicação.Conforme ele foi crescendo, as duas o ensinaram a falar, cantar, caçar e alimentar-se.

Quando se tornou um jovem, o menino se transformou em Mulian, o gavião, e partiu voando para os céus.Mas sempre regressava para visitar sua mães, as irmãs que o haviam colhido no campo florido.Ao sentir que já estava velhinho, converteu-se numa estrela do céu para continuar a iluminar as crianças que,como as duas mães-meninas, amam e protegem as flores da terra.


( história da mitologia aborígine australiana)

O sapo velho e os sapos




Numa noite de inverno, estavam os sapos cantando à beira da lagoa. O sapo velho dizia:


- Quando eu morrer


Quem vai comigo?


Os sapos molos ficavam bem de seu, calados. Então o sapo velho disse:


- Quando eu morrer,


Quem fica com minha mulher?


Aí, os sapos todos responderam:


- Eu, eu


Eu, eu


É isso que os sapos cantam à noite, na beira das lagoas.

Como o camelo ganhou a corcova




Rudyard Kipling

No início dos tempos, quando o mundo era tão novo, e tudo o mais, os Animais mal estavam começando a trabalhar para o Homem, havia um Camelo que vivia no meio de um Deserto dos Lamentos, porque não queria trabalhar; além disso, ele próprio era um lamentável absurdo. Comia galhinhos, espinhos, plantinhas, doído de tão preguiçoso; quando alguém falava com ele, só dizia:
- Uma ova! - Só isso: - Uma ova! - e nada mais.
Uma manhã de segunda-feira, o Cavalo chegou para ele, sela às costas e freio na boca, e disse:
- Camelo, ó Camelo, venha aqui trotar conosco.
- Uma ova! - disse o Camelo; e o Cavalo foi embora e contou para o Homem.
Veio o Cachorro, com uma vareta na boca e disse:
- Camelo, ó Camelo, venha aqui catar conosco.
- Uma ova! - disse o Camelo; e o Cachorro foi-se embora e contou para o Homem.
Depois veio o Boi, com uma cangalha no pescoço e disse:
- Camelo, ó Camelo, venha aqui arar conosco.
- Uma ova! - disse o Camelo; e o Boi foi embora e contou para o homem.
No fim do dia, o Homem chamou o Cavalo, o Cachorro e o Boi e disse:
- Três, ó Três, lamento muito por vocês (nesse mundo tão novo-e-tudo-o-mais); mas aquela Coisa-ova no Deserto não consegue trabalhar, senão já estaria aqui agora. Por isso, vou deixá-lo sozinho lá e vocês vão ter que trabalhar dobrado para compensar.
Isso deixou os Três furiosos (naquele mundo tão novo-e-tudo-o-mais) e foi um palavrório, uma confusão, um comício escandaloso na beira do deserto. O Camelo veio mascando uma mamona, doído de tão preguiçoso e ficou rindo deles. Depois disse:
- Uma ova! - e foi-se de novo.
Veio chegando o Djinn que reinava sobre Todos os Desertos, rolando numa nuvem de poeira (os Djinn sempre viajam assim, porque é Magia), e parou para um palavrório e um comício escandaloso com os Três.
- Djinn de Todos os Desertos - disse o Cavalo -, pode alguém ser tão preguiçoso, nesse mundo tão novo-e-tudo-o-mais?
- Certamente que não - disse o Djinn.
- Bem - disse o Cavalo -, tem uma coisa no meio do Deserto dos Lamentos (e ele é o próprio lamentável absurdo) com um pescoço comprido e pernas compridas, que não moveu uma palha de trabalho desde a manhã de segunda-feira. Ele nem trota.
- Puxa! - disse o Djinn, dando um assovio - É o meu Camelo, por todo o oura da Arábia! O que é que ele diz disso?
- Ele diz "Uma ova!" - disse o Cachorro - E nem pega nem carrega.
- Ele diz alguma outra coisa?
- Só "Uma ova!" e ele nem ara - disse o boi.
- Muito bem - disse o Djinn. - Eu vou ovacioná-lo, se vocês fizerem a gentileza de esperar um minuto.
O Djinn se enrolou no seu casaco de poeira, determinou sua posição no deserto e achou o Camelo doído de preguiça, olhando seu próprio reflexo numa poça d'água.
- Meu amigo comprido e borbulhante - disse o Djinn -, que é que eu ando ouvindo, de você não querer trabalhar, nesse mundo tão novo-e-tudo-o-mais?
- Uma ova! - disse o Camelo.
O Djinn sentou-se, queixo na mão, e começou a pensar uma Grande Magia, enquanto o Camelo continuou olhando seu reflexo na poça d'água.
- Você fez os Três trabalharem dobrado desde manhã de segunda-feira, só porque fica doído de preguiça - disse o Djinn; e continuou pensando Magias, com o queixo na mão.
- Uma ova! - disse o Camelo.
- Eu não repetiria isso, se fosse você - disse o Djinn. - Você pode falar demais da conta. Bolas, eu quero que você trabalhe.
E o Camelo disse:
- Uma ova! - de novo.
Mas logo que falou, viu suas costas, das quais tinha tanto orgulho, estufando, estufando, até virar uma enorme corcova.
- Viu só? - disse o Djinn - Foi a sua própria preguiça que você trouxe como um peso às suas costas, por não querer trabalhar. Hoje é quinta-feira e você não trabalhou nada desde segunda, quando começou o trabalho. Agora, você vai trabalhar.
- Como é que eu posso - disse o Camelo -, com essa corcunda nas minhas costas?
- Foi de propósito - disse o Djinn - porque você faltou esses três dias. Agora você vai poder trabalhar três dias sem comer, porque você vive da sua corcunda-uma-ova, que vai ser sua corcova; e nunca diga que nunca fiz nada por você. Saia do Deserto e vá com os Três, comporte-se. Corcove-se!
E o Camelo corcoveou-se, corcova e tudo, e foi juntar-se aos Três. E desde aquele dia, o Camelo sempre teve um corcova-uma-ova (a gente chama de corcunda, hoje, para não magoá-lo, lembrando "uma ova!"); mas ele nunca compensou os três dias que faltou no começo do mundo; e até agora ainda não aprendeu a se comportar.


Do livro "O Livro das Virtudes" Uma Antologia de William J. Bennett
Editora Nova Fronteira, 1993, (pág. 253)

C O C - O GATO







HELENA ANGELA RIGHI PEIXE .

Havia um gato muito, mas muito sabido. Os ratos daquele lugar já estavam sem saber o que fazer. Os passarinhos contavam que perderam vários amigos que viraram jantar do famoso gato.

Dona Teca, avó de Zezinho também reclamava que sempre que deixava queijo ou sardinha sobre a pia, eles sumiam como mágica, mas tinha certeza que não era o Neco. Ora!! quem era o Neco? Era um bom e pacato felino que só queria dormir. Havia também um outro gato branco na vizinhança, mas também parecia tranqüilo e além do mais, freqüentava a casa.

Sempre que alguma coisa acontecia, a gritaria era geral, pois alguém via uma sombra escura correndo e logo começavam as dúvidas, quem seria ele, onde ele estava e mais, a quem caberia a incumbência de pegar o safado? A criançada se divertia, a algazarra era geral.

Quando todos estavam na sala, lá na cozinha caiam coisas, panelas, frigideiras, bules, todos tão bem arrumadinhos por Dona Teca na trempe de estimação que tinha sido de sua avó materna. É que a trempe ficava ao lado do guarda-comida, naqueles velhos tempos, em que não havia geladeira, tudo era guardado no guarda-comida e o nosso famoso ladrãozinho derrubava tudo no seu pulo. Lá corriam todos, mas, só o primeiro que chegava conseguia ver o vulto escuro do gato.

Os passarinhos chegaram a convocar uma assembléia para procurar a solução. Assembléia são várias pessoas ou animais discutindo um problema; cada um dá uma sugestão e se aproveita a melhor.

É muito bom porque sempre aprendemos com os outros, ninguém sabe tudo na vida uns sabem uma parte, outros sabem outra.

Os passarinhos estavam decididos que alguns ficariam de plantão. Plantão é alguém observando atentamente os acontecimentos, mas o gato, muito esperto, desconfiou e deixou os pássaros em paz por uns tempos, passou a atacar a cozinha de Dona Teca, e quando tomaram providências para pegá-lo, resolveu suas refeições com os ratos do quintal e na correria acordava as galinhas e começava a bagunça.

Isto tudo até que os passarinhos e Dona Teca esquecessem e facilitassem o pedaço.

E sabem quem fazia tudo isso ?

Ah! Vocês não imaginam!!!

É que o tal gato da vizinhança que era branco e não era tão bonzinho como todos pensavam, era tão esperto que disfarçava sua cor passando pelas cinzas do fogão de lenha que Dona Teca tinha no quintal.

Assim ele ficava escuro e fazia todos acreditarem ser outro gato; logo depois das estripulias, lambia-se todo e voltava a ficar branco, passando calmamente perto de todos, ouvindo as histórias do gato preto ou cinza e fazendo cara de inocente, ainda miava para pedir algum petisco que a criançada ou Dona Teca corriam para pegar. Ele conseguiu enganar a todos por muito tempo.

Mas como mentira tem perna curta um belo dia alguém entrando pelos fundos do quintal com uma lata de água, para molhar as samambaias de Dona Teca, e vendo um gato se rolando nas cinzas do fogão deu-lhe um banho e para surpresa de todos lá estava o gato branco.

Ele muito rápido fugiu, mas foi visto por todos e como todas as casas daquele tempo tinham fogões de lenha, guarda-comida e trempe ele resolveu ir para outras bandas e continuar a vida como um bom malandro.


Miau.......... miau...........miaaaauuuuuu.!!

História enviada pela autora

Amor, Fartura ou Sucesso ?




Uma mulher saiu de sua casa e viu três homens com longas barbas brancas sentados em frente ao quintal dela.
Ela não os reconheceu.
Ela disse :
-- Acho que não os conheço, mas devem estar com fome. Por favor entrem e comam algo.
-- O homem da casa está ? Perguntaram.
-- Não, ela disse, está fora.
-- Então não podemos entrar. Eles responderam.
A noite quando o marido chegou, ela contou-lhe o que aconteceu.
-- Vá diga que estou em casa e convide-os a entrar.
A mulher saiu e convidou-os a entrar.
-- Não podemos entrar juntos. Responderam.
-- Por que isto ? Ela quis saber. Um dos velhos explicou- lhe :
-- Seu nome é Fartura. Ele disse apontando um dos seus amigos e mostrando o outro, falou :
-- Ele é o Sucesso e eu sou o Amor. E completou :
-- Agora vá e discuta com o seu marido qual de nós você quer em sua casa.
A mulher entrou e falou ao marido o que foi dito.
Ele ficou arrebatado e disse :
-- Que bom ! Ele disse :
-- Neste caso. vamos convidar Fartura. Deixe-o vir e encher nossa casa de fartura.
A esposa discordou :
-- Meu querido, por que não convidamos o Sucesso ?
A cunhada deles ouvia do outro canto da casa. Ela apresentou sua sugestão :
-- Não seria melhor convidar o Amor ? Nossa casa então estará cheia de amor.
-- Atentamos pelo conselho da nossa cunhada - disse o marido para a esposa - Vá lá fora e chame o amor para ser nosso convidado.
A mulher saiu e perguntou aos três homens :
-- Qual de vocês é o amor ? Por favor entre e seja nosso convidado.
O amor levantou-se e seguiu em direção à casa.
Os outros dois levantaram-se e seguiram-no.
Surpresa a senhora perguntou-lhes :
-- Apenas convidei o Amor, por que vocês entraram ?
Os velhos homens responderam juntos :
-- Se você convidasse o Fartura ou o Sucesso, os outros dois esperariam aqui fora, mas se você convidar o Amor, onde ele for iremos com ele.
Onde há amor, há também fartura e sucesso !!!
Colaboração: Renato Antunes Oliveira
Históra enviada por Edileusa

Filomena a árvore



HELENA ANGELA RIGHI PEIXE .


“Ai, Ai.. como está escuro aqui. Nossa preciso fazer força para subir, não sei como sei isto, acho que esta escrito, como um código que tenho que fazer força e subir”.

“Ai, Ai, Hum, ..Ai,.. mais força, acho que falta pouco, Hum, mais um dia e eu consigo, porque eu já abri aquela pele dura que envolvia meu corpinho.”

“Ai,.. Ai, hoje eu consigo”

“Ufa!!!.. consegui...., acabei de por minha cabeça para fora (isto é meu brotinho), já tenho duas folhinhas, agora mais um pouco de esforço.”

“Ah!!... Que lindo que é aqui fora, tudo claro , quente e tem um ventinho também.”

“O sol está me aquecendo, vejo algumas formigas passando bem perto , porque ainda sou pequena, logo ali tem uma Joaninha, tão bonita”.

Lá vem uns meninos com uns pés grandes, ai tomara que ele não pise em mim. Ah!! Já passaram, ainda bem que eles olham onde pisam.”

“Vejo várias plantas, tem grama que é mais baixa que eu, tem algumas do meu tamanho, acho que nasceram hoje também, mas tem umas altas e outras mais altas ainda que eu quase quebro meu frágil pescocinho para admirá-las”.

“Ah!! Como deve ser fresquinho lá em cima e acho que de la do alto dá para ver tudo.”

“Bem, já passou algum tempo e eu já estou ficando fortinha, meu corpo (quero dizer meu tronco) já esta firme.
Assim vai noite , vem dia, vai noite, vem dia, sabe dentro da terra nas minhas pernas (quero dizer nas minhas raízes) passa uma água fresquinha de um riozinho silencioso; esta água tem vitaminas, sais minerais, etc.. e tal que entra por mim e me alimenta”.

“Falando em alimento, o sol também me alimenta e ainda tem meu dono que é um bom menino, põe terra boa em minha volta, tudo para me proteger, e vem sempre me ver; quando não chove lá vem ele com um regador,

Você sabe o que é regador? Bem, é um balde que tem um bico cheio de furinhos para bem distribuir a água. Como eu dizia, ele vem sempre aqui me ver. Como é bom receber carinho!!!”

“Estou crescendo, já passou o inverno, passou a primavera. Ah!! quantas borboletas coloridas e alegres passaram conversando, comentaram que todos os quintais da vizinhança estão bonitos.”

“Alguns beija flores vieram aqui na minha vizinha, que já é forte, tem muitos ramos e flores, veio um tal de outono e deixou as árvores sem folhas, tudo parece que ficou meio triste, mas as arvores aqui do lado disseram que é assim mesmo, que tudo passa. Eu gosto mesmo é do verão, tudo fica mais alegre, as crianças pulam e brincam aqui no quintal.”

“Novamente inverno, nova primavera, novo outono e outra vez o verão”

“Bem, agora já sei, Eu sou uma mangueira, darei meus frutos, quero dizer minhas mangas logo, logo.”

“Hum!! cresci !! Estou alta e forte, este ano estou carregada de flores que mais tarde serão mangas. Como estou feliz!!.”

Sabe , mangueira serve para muita coisa. Dá sombra, dá frutos , dá néctar em suas flores para as abelhas,, da suquinho para os beija-flores, serve para segurar ninho de passarinho.

Quando alguém se senta à minha sombra para descansar, consigo ouvir seus pensamentos, às vezes é de tristeza outras de alegria. Neste momento lá do alto da minha copa, olho para o céu e peço ajuda para aqueles problemas e rapidinho ganho uma grande força que levo para aquela pessoa. É tão bom poder ajudar.
Você que está ouvindo esta historia diga para seus amigos que é muito bom amar as arvores e respeitar a natureza.

Eu sou daquelas espécies que crescem rápido, mas existem algumas que demoram muitos anos para ficarem altas e fortes e daí vem alguém com uma serra e em pouco tempo acaba com ela. O homem não sabe como a natureza sente e quanto chora nesta hora.

Outro dia ouvi o discurso do eucalipto e quero passar para vocês:
--“Eu sou o papel que serve aos recados, cartas, cartões, como é bom receber cartão de aniversário, de natal, postal, avisos importantes, receitas médicas, receitas culinárias, cadernos, bloco, sou o papel da fotografia.”

--“Sou também o livro que traz as alegrias, as descobertas, sou o jornal que traz os acontecimentos de todos os lugares do mundo.”

--“E as outras árvores desta floresta são os móveis de sua casa , a cama que você dorme, o teto, as portas e as janelas da sua casa, por tudo isso que, para cada árvore derrubada é necessário plantar outra, nós temos muitas espécies que servem para fabricar muitas coisas até remédio, e cada uma tem sua função”.

Bem , já cresci , aquelas florzinhas viraram mangas e até já tem algumas maduras, estou até parecendo arvore de natal com aquelas bolas, por que tenho mangas verdes e maduras que são amarelas, estou muito bonita. Todos que vem no quintal vem me ver e se encantam com tantos frutos, é que recebi muito amor e muitos cuidados do meu dono, a vida é assim..

Olha lá vem meu dono com uns amigos seus, estão com sacolas nas mãos, eles vem colher os frutos que eu entregarei com muita alegria. Tomara que eles se lembrem de plantar os caroços assim logo teremos muitas mangueiras.

Agora você já sabe, vamos amar e respeitar as arvores, os animais, as flores, somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai.

Tchau!!....Tchau!!....

VIVA A ÁRVORE!!!!

VIVA A VIDA!!!




História enviada pela autora

segunda-feira, 16 de março de 2009

A Casa da Joaninha


HELENA ANGELA RIGHI PEIXE


Era uma vez uma joaninha que morava dentro da fechadura quebrada de uma escola.

A tarde quando terminava as aulas, e todos iam embora, a joaninha saia de casa, primeiro ia ao jardim procurar bichinhos para comer, voava de flor em flor, e de barriga cheia começava o passeio, admirando tudo, as vezes encontrava as formigas, que a esta hora já haviam trabalhado muito , assim mesmo dava tempo para saber as novidades. Depois...

Passava pela pátio, lia os avisos do mural, entrava nas salas apreciava os desenhos pendurados , depois ia para a estante e pegava um livro de historia, fazia uma mágica e o livro ficava bem pequeno e lia cada dia uma historia.

-Ah.! Que vida boa!.

Certo dia a escola ficou muito silenciosa , alem do mais, nada de avisos no mural, nem desenhos pendurados nas salas, só silencio

-Ué disse a joaninha, que silencio vou ver na minha folhinha se é feriado, ..

-São as férias.

De repente, barulho aqui, barulho ali, joaninha foi até á porta e viu uns homens trabalhando, é que nas férias se faz as reformas da escola.

-Hum, pensou a joaninha logo vão descobrir esta fechadura quebrada, e lá se vai minha casa, tenho que ficar esperta.


De fato, alguns dias depois chegaram na porta dela.e lixa daqui, balança dali , empurra de lá os moveis da joaninha estavam todos revirados, ela resolveu apreciar tudo do alto de outra porta, se tivesse que perder tudo, perderia mas não queria se machucar, Depois de lixada a porta, chegou a vez da fechadura.

O trabalhador, tirou os parafusos observou bem, virou, mexeu, virou de novo e disse:

- Não tem conserto, melhor trocar por outra.

Ouvindo isso, a joaninha voou para dentro da casa.

Sentiu-se carregada e depois jogada ...

Quanto tudo se aquietou ela saiu bem devagarzinho para reconhecer o lugar.

Nossa, a casa dela estava dentro de uma sacola! Junto com outras fechaduras, chaves, um pedaço de grade do portão e outras coisas.

Teve vontade de chorar, depois olhou outras sacolas, umas tinham vidro, outras madeira, outras plástico, e outras papelão.

-Ah! Já sei é a reciclagem! Exclamou contente.

Outro dia, lendo na sala de aulas como sempre fazia, adormeceu e quando acordou péla manhã a aula já havia começado e a professora falou sobre reciclagem.

Quando temos vidro, ferro papelão, não devemos por no lixo comum, mas separá-lo para reciclagem.

Esse material será aproveitado e a natureza agradece.

Todo papel e papelão reciclado significam menos árvores cortadas e assim vidros, plásticos, tudo pode ser reaproveitado.

Vou pegar minhas coisinhas e procurar uma nova casa.

VIVA A JOANINHA

VIVA A RECICLAGEM.

VIVA........


História enviada pela autora

domingo, 15 de março de 2009

A casa que o João construiu


( um conto popular francês )
Esta é a casa que o João construiu .
Este é o queijo que estava na casa que o João construiu .
Este é o rato
Que comeu o queijo que estava na casa que o João construiu.
Este é o gato
Que pegou o rato que comeu o queijo que estava na casa que o João construiu .
Este é o cão
Que perseguiu o gato que pegou o rato que comeu o queijo que estava na casa que o João construiu .
Esta é a vaca do chifre quebrado
Que bate no cão ,que persegue o gato, que pegou o rato,que comeu o queijo que estava na casa que o João construiu.
Esta é a menina do cabelo trançado
Que tira leite da vaca do chifre quebrado,que bateu no cão ,que perseguiu o gato que pegou o rato que comeu o queijo que estava na casa que o João construiu.
Este é o rapaz esfarrapado
Que beijou a menina do cabelo trançado que tira leite da vaca do chifre quebrado,que bateu no cão,que perseguiu o gato que pegou o rato que comeu o queijo que estava na casa que o João construiu.
Este é o padre da igreja ao lado
Que casou o rapaz esfarrapado com a menina do cabelo trançado,que tira leite da vaca do chifre quebrado,que bate no cão ,que persegue o gato que pegou o rato que comeu o queijo que estava na casa que o João construiu.
Este é o galo do canto desafinado
Que acordou o padre da igreja ao lado.que casou o menino esfarrapado com a menina do cabelo trançado ,que tira leite da vaca do chifre quebrado,que bate no cão que perseguiu o gato que pegou o rato que comeu o queijo que estava na casa do João
Este é o fazendeiro que cuida do roçado para alimentar o galo do canto desafinado,que acordou o padre da igreja ao lado,que casou o menino esfarrapado com a menina do cabelo trançado,que tira leite da vaca do chifre quebrado,que bate no cão que perseguiu o gato que pegou o rato que comeu o queijo que estava na casa do João.Este é o João que depois de tanta confusão cumprimenta a todos com muita satisfação.


Enviado por Joelma

quinta-feira, 12 de março de 2009

A Mala de Viagem


Conta-se uma fábula sobre um homem que caminhava vacilante pela estrada, levando uma pedra numa mão e um tijolo na outra.
Nas costas carregava um saco de terra; em volta do peito trazia vinhas penduradas.
Sobre a cabeça equilibrava uma abóbora pesada.
Pelo caminho encontrou um transeunte que lhe perguntou :
-- Cansado viajante, por que carrega essa pedra tão grande ?
-- É estranho, respondeu o viajante, mas eu nunca tinha realmente notado que a carregava.
Então, ele jogou a pedra fora e se sentiu muito melhor.
Em seguida veio outro transeunte que lhe perguntou :
-- Diga-me, cansado viajante, por que carrega essa abóbora tão pesada ?
-- Estou contente que me tenha feito essa pergunta, disse o viajante, porque eu não tinha percebido o que estava fazendo comigo mesmo.
Então ele jogou a abóbora fora e continuou seu caminho com passos muito mais leves.
Um por um, os transeuntes foram avisando-o a respeito de suas cargas desnecessárias.
E ele foi abandonando uma a uma. Por fim, tornou-se um homem livre e caminhou como tal.
Qual era na verdade o problema dele ? A pedra e a abóbora ?
Não.
Era a falta de consciência da existência delas.
Uma vez que as viu como cargas desnecessárias, livrou-se delas bem depressa e já não se sentia mais tão cansado.
Esse é o problema de muitas pessoas. Elas estão carregando cargas sem perceber.
Não é de se estranhar que estejam tão cansadas !
O que são algumas dessas cargas que pesam na mente de um homem e que roubam as suas energias ?
a. Pensamentos negativos.
b. Culpar e acusar outras pessoas.
c. Pemitir que impressões tenebrosas descansem na mente.
d. Carregar uma falsa carga de culpa por coisas que não poderiam ter evitado.
e. Auto-piedade.
f. Acreditar que não existe saída.
Todo mundo tem o seu tipo de carga especial, que rouba energia.
Quanto mais cedo começarmos a descarregá-la, mais cedo nos sentiremos melhor e caminharemos mais levemente.

Colaboração: Renato Antunes Oliveira :Enviado por Edileusa

terça-feira, 10 de março de 2009

Dois monges


Dois monges em peregrinação iam passando por um rio. Lá avistaram uma menina vestida com toda a elegância, obviamente sem saber o que fazer, já queo rio estava alto e ela não queria estragar suas roupas.
Sem mais cerimônias, um dos monges levou-a nas costas, atravessou-a e depositou-a em solo seco do outro lado.
Então os monges continuaram seu caminho. Porém o outro monge, depois de uma hora, começou a reclamar:
— "Com certeza não é certo tocar uma mulher; é contra os mandamentos ter contato íntimo com mulheres. Como você pode ir contra a lei dos monges?
O monge que carregara a menina seguia em frente em silêncio, mas finalmente observou:
— "Eu a deixei no rio há uma hora. Por que você ainda a está carregando?"

quarta-feira, 4 de março de 2009

A história do lápis



O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou:
-- Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma história sobre mim?
A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto:
-- Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse.
O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.
-- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida!
Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.
"Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade".
"Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor."
"Terceira qualidade: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça".
"Quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você."
"Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca.
Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida, irá deixar traços, e procure ser consciente de cada ação".

Enviado por Edileusa de Iracemápolis
Autor Desconhecido

terça-feira, 3 de março de 2009

Bic, o Vaga-Lume


Há muito tempo, num tempo em que os bichos falavam. Num lindo jardim cheio de belas flores, havia um Ipê, uma árvore alta e frondosa. Era nesta árvore que vivia uma família de vaga-lumes um casal e seus vinte filhotinhos. Um deles, que se chamava Bic, perdeu-se de sua família ainda pequeno, ao cair em queda livre do alto galho da árvore onde moravam, bateu as asinhas e voou sem destino, por isso vivia sozinho.
O grande sonho de Bic era reencontrar seus pais e seus dezenove irmãos. É claro que tudo seria muito mais fácil se ele pudesse enxergar.
Isso mesmo, o pequeno vaga-lume, que tinha a sua própria luz... Era cego. A vida de Bic não era nada fácil, afinal, ele precisava se alimentar, tomar água e ainda, se proteger dos outros bichos da floresta pra quem ele poderia servir de alimento.
Até que, numa linda tarde de primavera, enquanto estava paradinho num canto, como sempre ficava, levou um susto: alguma coisa ou alguém caiu sobre ele!Ainda sem saber direito o que tinha acontecido, ouviu os pedidos de desculpas de um Besouro que, logo notou que Bic não enxergava.
O Besouro que era doutor, formado em uma das melhores faculdades de medicina do país, percebeu que os olhos de Bic estavam fechados de uma maneira que não era normal... Lembrando-se das palavras do juramento feito quando recebeu o diploma de médico “Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço dos meus semelhantes...” Dr. Besouro decidiu ajudar Bic. Pôs uma das asas em seu ombro e o guiou até o seu consultório que não ficava muito longe dali, no tronco de uma pequena goiabeira.
Lá chegando, ao examinar os olhos de Bic, o Dr. Besouro viu que se tratava de um caso simples, porém muito raro: os olhos do vaga-lume estavam ainda colados com líqüido do ovo onde ele esteve abrigado até nascer. Dr. Besouro pegou em sua prateleira, um minúsculo vidrinho que continha o remédio do qual Bic precisava. Tão logo os olhos de Bic foram lavados com a água de rosas brancas, Bic enxergou!
A primeira pessoa, ou melhor, o primeiro inseto que ele viu foi o Dr. Besouro. Abraçaram-se longamente em forma de agradecimento e os dois choraram.
O Dr. Besouro chorava a alegria de poder ajudar alguém, e Bic... Chorava a emoção de estar curado, de finalmente poder lutar para fazer do seu sonho muito esperado uma realidade.
Bic foi até a janela, e ainda pode ver os últimos raios de sol, via as lindas flores ao pé do Ipê, e quando olhou pro alto viu no céu a primeira estrela daquela noite. Mais uma vez agradeceu ao Dr. Besouro, acendeu sua luzinha e se foi à procura de sua família.
Já anoitecia e pelo caminho, com a ajuda de sua luz Bic observava tudo à sua volta, as flores que se fechavam para dormir, os jasmins que se abriam alegremente para perfumar a noite no jardim que agora ele iria conhecer. E Bic se foi feliz como nunca, feliz como um vaga-lume.



Enviado por Edileusa
Autor desconhecido

domingo, 1 de março de 2009

Mito de Criação !Kung (Bosquímano)


A humanidade nem sempre viveu sobre a Terra. No princípio, pessoas e animais viviam sob a superfície com KAANG, o Grande Mestre e Senhor de Toda a Vida. Neste lugar, pessoas e animais se comunicavam e viviam pacificamente. Havia sempre luz, embora ainda não houvesse nenhum sol. Durante esse tempo de bem aventurança, Kaang começou a planejar as maravilhas que colocaria no Mundo acima.
Primeiro Kaang criou uma árvore magnífica, com ramos que se espalhavam por toda parte. Na base da árvore, cavou um buraco até o mundo subterrâneo onde viviam as pessoas e os animais.
Depois de criar o mundo segundo seu desejo, ele tirou de dentro do buraco o primeiro homem e, pouco depois, a primeira mulher. Logo, toda a humanidade atravessou do interior para a superfíce da terra, reunindo-se aos pés da árvore, ao mesmo tempo maravilhados e assustados com o novo mundo.Em seguida, Kaang ajudou aos animais na escalada para fora do buraco.
Kaang reuniu humanos e animais e os instruiu para que vivessem juntos pacificamente.
Então virou-se para os homens e as mulheres e alertou-os para que nunca fizessem fogueiras ou um grande mal cairia sobre eles. Homens e mulheres empenharam sua palavra a Kaang e o Senhor de Toda a Vida retirou-se para um lugar de onde pudesse observar secretamente o seu mundo.
A noite se aproximava e o sol começava se esconder no horizonte. Humanos e animais assistiam ao fenômeno mas, quando o sol desapareceu, o medo se instalou no coração dos humanos. Eles não eram capazer de ver-se, pois lhes faltava os olhos dos animais capazes de enxergar à noite, lhes faltava, também, o quente pelo dos animais e, então, o frio se instalou.
Em desespero, um homem sugeriu que fosse feita uma fogueira para aquecê-los. Esquecendo-se do alerta de Kaang, eles desobedeceram ao Grande Mestre. Com a fogueira acesa, homens e mulheres puderam se aquecer e ver-se uns aos outros na escuridão.
Entretanto, o fogo assustou os animais, que se retiraram para cavernas e montanhas e, desde que a humanidade rompeu com os mandamentos de Kaang, humanos e animais não foram mais capazes de se comunicar. Agora, o medo tomou o lugar da amizade que havia entre os dois grupos.