sábado, 21 de novembro de 2009

A história do homem do dedo cortado



Uma mulher encontrava-se a noite sozinha em sua casa quando o telefone tocou.
Do outro lado da linha era a voz estranha de um homem dizendo:
_ Eu sou o homem do dedo cortado e estou chegando a seu país!
A mulher pensou em ser um trote e simplesmente desligou o telefone e continuo em seus afazeres. Após algumas horas o telefone toucou novamente e a voz dizia:
_ Eu sou o homem do dedo cortado e estou chegando ao seu estado!
A mulher desligou o telefone em principio ficou um pouco preocupada, mas logo esqueceu e continuo seus afazeres. Novamente o telefone tocou e a voz dizia:
_ Eu sou o homem do dedo chegado e estou chegando à sua cidade!
A mulher começou a ficar com medo e se preocupar, pensou em ligar para a polícia, mas eles não acreditariam. Logo o telefone tocou novamente:
_ Eu sou o homem do dedo cortado estou chegando ao seu bairro!
A mulher ficou desesperada, não sabia o que fazer e tomou coragem e decidiu ligar para a policia. Antes de pegar no telefone ele tocou novamente:
_ Eu sou o homem do dedo cortado e estou chegando à sua rua!
A mulher se desesperou e tentou achar um lugar para se esconder, mas o telefone tocou novamente:
_ Eu sou o homem do dedo cortado e estou chegando ao seu portão!
Ela resolveu sair correndo. Quando ela abriu a porta, deu de cara como um homem com o dedo cortado:
_ Eu sou o homem do dedo cortado! Me empresta um band-Aid?


História enviada por Sueli Monzani

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Galinha com dentes

Pelo cerrado vinha, bailarina, uma franguinha.
Pezinho na frente, outro atrás, uma ciscadinha. Depois, perna jogada pra um lado, perna jogada pro outro, algumas bicadinhas.
Sorrateira, toda sorrisos e gentilezas, a esperta raposa avistou a inocente franguinha. Cumprimentou-a e foi logo perguntando se não sentia medo durante a noite.
_ Muito, amiga raposa. Tremo, suo frio, tenho arrepios e horríveis pesadelos!
Mal consigo dormir...
_ Ora, por isso não. Vou visitá-la hoje à noite e ninguém terá coragem de incomodar a companheira. Vai ser uma tranqüilidade, você vai ver...
A ingênua franguinha, satisfeita, continuou seu passeio e, quando encontrou o camarada cachorro, alegremente, ela foi contando a novidade:
_ Amigo cão, estou agora em paz. Tudo pela bondade da camarada raposa_ e contou tudo.
Admirado, ele falou:
_ Mas você está maluca, amiga? Onde já se viu raposa visitar galinha? Será o seu fim!
Ela quase desmaiava quando o cão lhe prometeu:
_ Nem tudo está perdido. Darei um jeito nisso.
Pouco antes do sol se pôr, o cão escondeu-se no quartinho da casa da amiga.
_ Fique calada, não dê um piozinho! Se der, baú, baú: Uma frangota vai pro papo da rapasota!
Quando a raposa chegou com sua dentadura à mostra, foi procurando a ingênua franguinha, mas teve aquela surpresa! Levou uma tremenda dentada.
Como tudo aconteceu muito rápido e no escuro, a raposa não soube quem a tinha ferido. Fugiu espavorida, dolorida, além de bastante machucada.
No dia seguinte, no mato, a raposa, confusa e ainda tremendo de medo, contou para os companheiros:
_ Vocês não vão acreditar! Imaginem que, pela primeira vez, encontrei uma galinha com dentes!!!


AUTOR: Lúcia Pimentel Góes
Enviado Neusa Cia

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Carinhos Quentes



Era uma vez um casal que se chamava Antonio e Maria. Tinham dois filhos e moravam felizes, numa cidadezinha do interior. Naquele lugar, todos, ao nascerem, recebiam um saquinho de carinhos. Cada vez que uma pessoa colocava a mão no saquinho, retirava de lá um carinho quente. Esses carinhos quentes faziam as pessoas se sentirem aconchegantes e cheias de amor umas pelas outras.

Todos ali sabiam que quando uma pessoa não recebia carinhos quentes, corria um sério risco de pegar uma doença, que as fazia murchar e morrer.

Era muito fácil receber carinhos quentes. Bastava pedir a alguém.

A pessoa que dava o carinho quente, colocava a mão na sacolinha, retirava de lá o carinho, que se expandia com uma luz, que podia ser colocada no ombro, na cabeça, ou no colo de quem estava recebendo o carinho quente.

Escondida numa caverna, uma bruxa má estava muito chateada porque naquela cidade ninguém ficava doente, para comprar os seus ungüentos. Além do mais, os carinhos quentes eram distribuídos a todos, de graça e, por isso, o acesso era livre. Assim, eram todos felizes.

Então, a bruxa inventou um plano muito malvado, que faria as pessoas comprarem os seus remédios. Vestiu seu disfarce e, numa manhã, foi até a casa de Antonio, fingindo ser sua amiga. “Olha, Antonio, veja os carinhos que Maria está dando aos filhos. Se ela continuar assim, vai consumir todos os carinhos com as crianças e, com o tempo, não sobrará nenhum carinho para você.”

Perplexo, Antonio perguntou:”Quer dizer, então, que não é sempre que existe um carinho quente na sacola?”

“Claro que não”, respondeu a bruxa. “O mais grave é a notícia que vou lhe dar em primeira mão, porque sou sua amiga: todos os carinhos quentes estão acabando. Cada pessoa tem que economizar o seu carinho e só usar quando for numa ocasião muito importante”.

Preocupado, Antonio começou a reparar cada vez que Maria dava um carinho a alguém ou aos filhos. Começou a se queixar para ela, alegando que ela dava mais carinho para os filhos e amigos do que para ele. Aos poucos, Antonio reservou seus carinhos quentes, apenas para Maria, e em doses homeopáticas. As crianças, percebendo a ausência de carinhos, começaram, também, a economizar os seus. Dia após dia, todos foram ficando mesquinhos.

Rapidamente, a história de que os carinhos quentes iriam acabar, tomou conta da cidade. Todos passaram a guardar seus carinhos. Assim, aos poucos, as pessoas foram ficando doentes e, cada vez mais gente ia comprar os remédios da bruxa.

Assustada com o crescimento da clientela, a bruxa começou a vender carinhos falsos, que imitavam perfeitamente os carinhos quentes, mas não surtiam os mesmos efeitos. Enganadas, as pessoas não morreriam, mas continuariam a comprar seus ungüentos e poções. A situação ficou grave, porque, a cada dia, havia menos carinhos quentes, e esses ficaram valiosíssimos. As pessoas, então, tentavam de tudo para conseguí-los.

Antes da chegada da bruxa, as pessoas se juntavam nas calçadas, em grupos de três, cinco, até mais, para darem carinho umas às outras. Agora, a situação estava tão grave que, se alguém desse um carinho quente para outra pessoa, logo se sentia culpada.Assim, o comércio da venda de carinhos quentes falsos começou a crescer. As pessoas, que não conseguiam encontrar parceiros generosos, que lhes dessem carinhos quentes, precisavam trabalhar para comprar carinhos falsificados.
Então, naquela cidade, se multiplicaram as possibilidades de venda de carinhos. Até espinhos frios foram revestidos com uma cobertura branquinha e estofados, para imitar os carinhos quentes. Ah! Apareceram, também, os carinhos de plástico, que faziam as pessoas se sentirem bem, por alguns instantes, mas logo ficavam mal.
Num belo dia, chegou àquela cidade, uma mulher especial. Ela desconhecia a história do fim dos carinhos quentes e distribuía carinho a todos e de graça, mesmo a quem não tivesse pedido. As crianças gostavam muito daquela mulher e passaram a chamá-la de pessoa especial. Aquela mulher dizia que, quanto mais carinhos as pessoas dessem às outras, melhor elas se sentiriam. Era como uma recarga de novas energias, em forma de carinhos quentes. Os adultos, preocupados, fizeram uma lei dizendo ser crime distribuir carinhos quentes sem uma licença.
Mesmo assim, as crianças daquele lugar, ainda hoje, teimam em trocar carinho com a pessoa especial.

História enviada por Edileusa Menezes, retirada do blog: Proportoseguro.blogspot.com

A Esperteza do Macaco




Contam que, certa vez, o Compadre Macaco queria se casar com a filha da Comadre Onça. O problema é que o Compadre Calango também queria e eles não entravam num acordo.
Quando o Macaco soube das intenções do Calango, correu na casa da Onça (correu é modo de dizer) e disse a ela que o Calango não era de nada, que ele era na verdade o seu cavalo.
Quando o Calango soube disso, correu na casa da Onça e disse que aquilo era mentira e que iria buscar o Macaco par dar-lhe uma lição ali mesmo, na frente da casa da Comadre.
O Macaco estava em casa descansando quando o Tico-Tico voou e avisou o que estava acontecendo e que o Calango estava indo pra lá. Compadre Macaco, esperto como ele só, amarrou um lenço na cabeça fingindo que estava doente e começou a gemer de dor.
Quando o Calango chegou e chamou o Macaco, ele respondeu com a voz bem fininha que estava muito doente e que não poderia sair para atendê-lo.
O Calango disse que queria que ele fosse com ele até a casa da Comadre Onça para desfazerem um mal entendido. O Macaco deu um monte de desculpas, dizendo que não podia nem levantar da cama, que estava muito doente e não tinha como acompanhar o amigo. O Calango teimou tanto, mas teimou tanto, que o Macaco lhe disse:
__ Olha Compadre, poderia ir se você me levasse nas costas.
__ Olha Compadre Macaco, posso até te carregar, mas só se for até a capoeira atrás da toca da Onça.
__ Combinado Compadre Calango, mas deixe-me colocar meu arreio e sela em você porque tenho medo de cair e já estou doente e fraco.
__ De jeito nenhum , não sou cavalo.
__ Sinto muito, mas então eu não vou.
O calango vendo que não tinha outro jeito de levá-lo acabou concordando.
O Macaco colocou a sela e o arreio e ainda pediu:
__ Compadre, agora preciso colocar minha rédea para eu não cair.
Nova discussão, mas o Macaco convenceu a colocar sua rédea e até um par de esporas.
O Macaco montou na sela, no lombo do Calango, e os dois se encaminharam para a toca da Onça. Quando chegaram perto da capoeira da mata, o Calango pediu:
__ Compadre, tire estes apetrechos todos que assim fica muito feio pra mim. Vão achar que eu sou seu cavalo.
__ Calango Compadre- replicou o Macaco- estou tão doente que nem me agüento em pé. Ande mais um pouquinho só.
Caminharam mais um pouco e novamente o Calango pediu ao Macaco que descesse e tirasse tudo aquilo. E o Macaco , esperto e malandro dizia:
__ Paciência Compadre, estou muito doente e não posso caminhar. Mais um pouquinho só.
E assim foi. O Macaco enrolou, enrolou e o Calango acabou chegando na porta da toca da Onça. Quando chegou lá, o Macaco bateu com as esporas no Calango e gritou:
__ Olha só, Não disse que o Calango era o meu cavalo?
Venham todos ver o meu cavalo.
Todos os bichos se reuniram em volta do Macaco dando muitas risadas. O Macaco, vitorioso, gritou para a filha da Onça:
__Venha moça, monte na minha garupa e vamos nos casar.
Depois disso, o Compadre Calango nunca mais falou e nem se meteu com o Compadre Macaco.
E entrou por um pé de pinto, saiu por um pé de pato.
Quem quiser que conte quatro.

História Enviada por Neusa Lúcia Braga Cia

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A Menina que Não Era Maluquinha


(RUTH ROCHA)
Maluquinha, eu? Eu não! Não sou nenhuma maluquinha!

Quem me pôs esse apelido foi aquele menino de casacão e panela na cabeça.

Ele me botou esse apelido quando eu fui brincar na casa do Mauricinho. Eu nem queria ir. Mas a mãe dele telefonou pra minha mãe, ela disse que o Mauricinho era muito tímido e que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais... Não sei o que ela disse, acho que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais descoladas...

aí minha mãe me encheu um pouco e eu acabei indo.

A gente chegou na casa do Mauricinho e foi logo almoçar.

E depois do almoço a mãe dele botou a gente pra fazer a lição.

Eu não me incomodo de fazer lição logo depois do almoço, porque eu fico logo livre.

Mas a mãe do Mauricinho começou a fazer uns discursos sobre responsabilidade e coisa e tal, que a gente já era grandinha e tinha que cumprir com os compromissos... Um saco!

Eu tô careca de saber disso! E então eu fiz minha lição correndo e o Mauricinho ficou lá toda a vida, ele não acabava mais de fazer a lição dele. Aí eu comecei a rodar pela casa até que encontrei um gato. Gato não, gata. Chamava Pom-pom. Ou era Fru-fru... Ou era Bom-Bom, sei lá. E eu peguei a gata e ela estava meio fedida.

Então eu resolvi dar um banho nela. Gato não gosta de banho, vocês sabem.

Mas meu avô tinha me contado que quando ele queria dar banho no gato ele botava o bicho dentro da banheira e ele não conseguia sair e meu avô dava banho à vontade!

Mauricinho tinha um banheiro dentro do quarto dele.

Quando eu fui chegando perto da banheira a gata arrepiou toda e eu joguei ela bem depressa lá dentro e tapei o ralo e enchi de água.

E esfreguei a gata todinha com um shampoo todo perfumado que tinha lá e eu estava achando que todo mundo ia gostar de ver a gata toda limpinha. A gata estava muito infeliz e ela miava miaaauuu... e tentava sair do banho, mas meu avô tinha razão: ela arranhava a parede da banheira, mas não conseguia sair.

Mas acho que aí caiu shampoo no olho da gata, porque ela deu um pulo e agarrou na minha roupa e conseguiu pular fora e saiu correndo, espalhando espuma de shampoo por todo lado e nisso a mãe do Mauricinho vinha chegando e levou o maior susto e caiu sentada e a gata continuou correndo e assustando todo mundo e respingando tudo de espuma.

Eu não sei quem estava mais assustado: se era o Mauricinho, a mãe dele, a gata, ou se era eu.

Eu corri atrás da gata, mas ela pulou pela janela, atravessou o jardim, saiu pela rua e eu atrás.

Só que no meio da rua estava a turma daquele menino, aquele da panela na cabeça, e a gata passou pelo meio deles todos e eu atrás!

E eles levaram o maior susto, cada um correu para um lado, e atrás de mim vinha a mãe do Mauricinho e o Mauricinho e a cozinheira e o jardineiro todos correndo e gritando e eu resolvi correr para a minha casa e me esconder lá.

Mas no dia seguinte... a escola toda já sabia da história e aquele menino, aquele da panela na cabeça começou a me chamar de maluquinha... Mas eu não sou maluquinha, não! Só se for a vó dele!


(História enviada por Sueli Monzani)

sábado, 26 de setembro de 2009

A JOANINHA QUE PERDEU SUAS PINTINHAS



Tininha era uma pequena joaninha que passeava sozinha e ao atravessar um rio escorregou num galho e caiu nas águas e começou a gritar:
- Socorro, socorro...
Ela não sabia nadar e se debatia nas águas, e acabou virando as asas para baixo e começou a remar.
Quando alcançou a margem começou a caminhar, pois precisava voltar para casa senão sua mãe ficaria preocupada.
Ao chegar começou a gritar:
- Oi mamãe, já voltei!
-Nunca mais vou me atrasar.
-Por favor, mamãe, fale comigo, eu quero te abraçar!
E sua mamãe lhe disse:
- Você não é minha filha, não queira me enganar.
- Minha filha é pintadinha, volte já para o seu lugar.
Foi neste momento que ela percebeu que estava sem suas pintinhas.
Então tininha ficou muito assustada e começou a chorar,
Precisava de suas pintinhas, para poder voltar para sua casa.
Então voltou logo para o rio, na esperança de encontrar todas as pintas das asas que ela perdeu ao nadar.
Subiu numa folha verde e foi navegando pelo rio.
E todos que encontrava, parava para perguntar:
-Você viu as pintinhas que estavam nas minhas asinhas?
- Se você encontrar , faça o favor de me avisar.
Passou embaixo da ponte, viu peixinhos, parou para admirar a natureza, e nem viu o tempo passar.
Viu o sol se esconder...
E o céu todo a se estrelar.
E voltou a navegar.
E só se deu conta de si quando foi lançada ao mar...
- Onde estou?
- Que água é essa que só fica balançando?
Agora é muito mais difícil, as minhas pintinhas encontrar.
Saiu andando na areia, de cabeça baixa, triste e chorando.
Acabou se esbarrando num sapato e ergueu sua cabecinha, era um jovem pintor que estava pintando um quadro do mar, tinha um barco lá no fundo, gaivotas a voar.
O pintor pegou tininha e pôs na palma da mão e disse:
- Você não é borboleta...
- Você não é camarão...
- Você não é siri...
- Quem é você então?
- Sou apenas uma joaninha que perdeu as pintinhas, disse ela ao pintor.
- Se você não me ajudar, não posso voltar para casa.
E o pintor muito cuidadoso começou a trabalhar. Tinha um sério compromisso; ajudar a joaninha.
Com a tinta e o pincel começou a desenhar as pintinhas de suas asas.
Quando estava retornando sua amiga inseparável correu na frente para avisar:
- Dona Joana, dona Joana, sua filha está chegando.
E assim foi preparada a grande festa para comemorar a sua volta ao querido lar.
E a sua mãe ela foi correndo abraçar.



Ducarmo Paes – Ed Noovha América
Adaptação: JOJOBA – 16-09-09

A lenda do guaraná


Roberval Cardoso

Das tribos da Munducurucânia, eram os mais prósperos — os maués. Venciam as guerras, as colheitas eram fartas, as peças abun­dantes e as doenças raras.
Todo esse bem-estar, diziam eles, decorria da presença de um certo curumim (menino) que há alguns anos nascera na tribo, e, por isso, a atenção e cuidados que lhe dispensavam eram enormes; se ia à pesca, sua igarité era acompanhada de outras, com hábeis pescadores, que o desviavam das águas infestadas de piranhas, jacarés ou puraquês; se entrava na mata, mateiros experimentados o afas­tavam das castanheiras em safra ou dos ninhos de tocandiras assa­nhadas.
Mas, um dia, a vigilância foi burlada... Jurupaí, o génio do mal, disfarçado em cascavel, feriu o curumim, num bote certeiro.
A tribo entrou em grandes lamentações e durante horas seguidas as preces e os gritos de desespero se espalharam pelas florestas e águas negras do Maué-açu.
Tupã atendeu as lamentações e uma voz, que não se sabe de onde veio, determinou:
— Tirem os olhos da criança, plantem na "terra firme", reguem com lágrimas e deles nascerá a "planta da vida", aquela que fortale­cerá os jovens e revigorará os velhos...
Os pajés arrancaram e plantaram os olhos do curumim morto. Durante quatro luas, os guardas da preciosa sementeira velaram e re­garam a terra com lágrimas.
Uma nova planta surgiu, travessa como os curumins, procuran­do subir às árvores próximas, de hastes escuras e sulcadas como os músculos dos guerreiros. E quando frutificou, seus frutos de negro azeviche, envoltos no arilo branco e embutido em duas cápsulas vermelho-vivas, eram sem dúvida a multiplicação milagrosa dos olhos do príncipe maué.
E ela realmente trouxe o progresso da tribo, pelo abundante comércio de seus grãos, e os sábios confirmaram a lenda — fortalece, os fracos, conserva os jovens, rejuvenesce os velhos.



Retirado do livro Estarias e lendas da Amazónia. Seleção e introdução de Anísio Mello, Edigraf.

sábado, 8 de agosto de 2009

Pedro Malasartes e as três botijas de azeite


Um dia, Pedro Malasartes foi ter com o rei e lhe pediu três botijas de azeite, prometendo-lhe levar em troca três mulatas moças e bonitas. O rei aceitou o negócio.
Pedro saiu e foi ter à casa de uma velha, ali pela noitinha; pediu-lhe um rancho, e que lhe botasse as botijas no poleiro das galinhas. A velha concordou com tudo. Alta noite, Pedro Malasartes levantou-se, foi de pontinha de pé ao poleiro, quebrou as botijas, derramou o azeite, lambuzando as galinhas. De manhã muito cedo Malasartes acordou a velha, e pediu-lhe as botijas de azeite. A velha foi buscá-las, e, achando-as quebradas, disse: "Pedro, as galinhas quebraram as botijas e derramaram o azeite." "Não quero saber disso", disse Pedro, "quero aqui meu azeite, senão quero três galinhas."

A velha ficou com medo, deu-lhe as três galinhas. Malasartes partiu e foi à noite à casa de outra velha; pediu abrigo e que agasalhasse aquelas três galinhas entre os perus. A velha, como tola, consentiu. Alta noite, Pedro se levantou, foi ao quintal e matou as três galinhas, besuntando de sangue os perus. No dia seguinte, bem cedo, acordou a velha, pedindo as suas galinhas, porque queria seguir viagem. A velha foi buscá-las e encontrou-as mortas: voltou aflita, contando a Malasartes. Ele fez um grande barulho até levar seis perus em troca das galinhas.

Na noite seguinte, foi ter à casa de um homem que tinha um chiqueiro de ovelhas, e pediu-lhe para passar a noite em sua casa e que lhe agasalhasse aqueles perus lá no chiqueiro das ovelhas, porque bicho com bicho se acomodavam bem. O homem assim fez. Tarde da noite, Pedro foi ao lugar onde estavam os perus e matou-os a todos, lambregando de sangue as ovelhas. Pela manhã levantou-se bem cedo e pediu ao dono da casa seus perus. O homem, indo-os buscar, achou-os mortos, e voltou muito aflito, dizendo:

"Pedro não sabe? As ovelhas mataram os seus perus. Ouvindo isto, Malasartes fez um grande espalhafato, gritando que o homem havia matado os perus do rei e recebeu seis ovelhas pelos perus.

Largou-se, indo dormir na casa de um homem que tinha um curral de bois. Ai ele fez as mesmas artimanhas, até pegar seis bois pelas ovelhas. Mais adiante ele encontrou uns vendilhões de ouro e trocou os bois por ouro. Mais adiante, encontrou uns homens que iam carregando uma rede com um defunto. Pedro perguntou quem era, disseram-lhe que era uma moça. Ele pediu para ir enterrá-la e eles deixaram. Logo que os homens se ausentaram ele tirou a moça da rede, encheu-a de bastante ouro e enfeite, e foi ter com ela nas costas à casa de um homem rico que havia ali perto. Pediu rancho, disse às filhas do tal homem que aquela era a filha do rei que estava doente, e ele andava passeando com ela, então pediu que a fossem deitar. Foram levar a moça para uma alcova, indo Malasartes com ela, dizendo que só com ele, ela se acomodava. Deitou a moça defunta na cama e retirou-se, dizendo às donas da casa:

"Ela custa muito a dormir, ainda chora como se fosse uma criança; quando chorar, metam-lhe a correia."

Alta noite, Pedro foi e se escondeu debaixo da cama onde estava a morta e pôs-se a chorar como menino. As moças da casa, supondo ser a filha do rei, deram-lhe muito até ela se calar, que foi quando Pedro se calou. Depois ele escapuliu e foi para seu quarto. De manhã ele pediu a filha do rei, e nada de a poderem acordar. Afinal perceberam que estava morta, e informaram a Malasartes. Ele pôs as mãos na cabeça, dizendo:

"Estou perdido; vou para a forca; me mataram a filha do rei!"

Os donos da casa ficaram muito aflitos e começaram a oferecer coisas pela moça, e Pedro sem querer aceitar nada, até que ele mesmo exigiu três mulatas das mais moças e bonitas. O homem rico as deu, e Pedro disse que dava uma desculpa ao rei sobre a morte da sua filha, e lhe dava de presente as três mulatas, para o rei não se agastar muito.

Malasartes largou-se e foi logo para o palácio, onde entregou ao rei as três mulatas com este dito: "Eu não disse a vossa majestade que lhe dava três mulatas pelas três botijas de azeite? Aí estão elas."

E o rei ficou muito admirado.


(Fonte: http://www.contos-web.com.br/home.html)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A galinha que criava um ratinho



Lá em cima daquele morro tem uma casinha branca, com teto de sapê. È tão pequenina que nem dá para ver daqui. Mas eu sei que tem, porque quando eu era pequena, assim que nem você, minha mãe me disse que tinha, e me contou a história que tinha acontecido nessa casa. Uma história que minha avó contou pra ela e eu vou contar pra você.
Nessa tal casa, há muito tempo, moravam um galo e uma galinha. Eles não tinham pintinhos e, como queriam ter muitos filhos, pegaram um ratinho pra criar. Cuidavam dele com todo carinho e dengo: davam comida, banho gostoso, contavam história, cantavam música, inventavam brincadeira, davam beijo (de bico), abraço (de asa) e faziam cafuné (do jeito bom que você imaginar).
Um dia, depois do almoço, a galinha foi lavar louça no rio. Antes de sair, recomendou:
_ Não abram a porta sem saber quem é. A raposa anda pelas redondezas...
Daí a pouco, bateram na porta:
PAM! PAM! PAM!
O galo tinha comido muito no almoço: caldo de canjica, bife de minhoca, salada de talo de couve, angu de fubá, bolo de milho. Depois, sentou na cadeira de balanço, pôs os óculos e ficou lendo jornal. Foi ficando com tanta moleza, que quando ouviu as batidas nem lembrou do que a galinha tinha dito e mandou:
_ Abre ali, meu filho.
O ratinho, que era muito rápido, num instante abriu. E a raposa _ porque era ela, como você já adivinhou_ ainda mais rápida, num instantinho menor ainda, viu que aquele ratinho não interessava, que ela só gostava de comer bicho de pena. Mas, num instantinho menorzinho que tudo, deu um pulo e comeu o galo inteirinho, de uma bocada só. Com jornal, óculos e até a cadeira de balanço. E foi embora.
O ratinho saiu correndo, entrou por um atalho e logo encontrou a galinha que já vinha voltando.
_ Mãe, você, que dá jeito em tudo, vai ter que dar jeito numa coisa terrível...
Contou logo o que havia havido. Pode ser que, se pudesse, a galinha tivesse chorado e arrancado as penas. Mas não dava tempo para fricote. Por isso, ela falou:
_ Vai em casa correndo, pega a minha cestinha de costura e uma garrafa de cachaça. Depressa!
O ratinho foi.
Aí, a galinha deixou a garrafa de cachaça bem no meio da estrada e se escondeu atrás de uma árvore, com o filho.
A raposa apareceu e viu a garrafa:
_ Oba! Nada como uma pinguinha para ajudar a digestão do almoço...
E bebeu a garrafa toda. Claro, ficou bêbeda. Resolveu descansar na sombra de uma árvore. Num minuto estava roncando. A galinha aproveitou, abriu a cesta de costura, tirou a tesoura, cortou a barriga da raposa e tirou o galo lá de dentro. Ele saiu com o jornal todo amassado, os óculos entortados, a cadeira sem balanço, e não entendia o que tinha acontecido. Ficou resmungando:
_ Quem foi que apagou a luz de repente?
Nem deu tempo de explicar que ninguém tinha apagado luz nenhuma, era só escuridão de dentro da barriga da raposa. Agora todos tinham que ajudar:
A galinha dava as ordens:
_ Ponham aquela pedra na barriga dela!
Eles puseram. A galinha foi costurando. Bem a tempo, porque a raposa já estava se espreguiçando, com jeito de acordar.
Os três correram e se esconderam.
_ Que sede! _ reclamou a raposa.
_ Acho que aquele galo estava muito velho, está pesando muito no meu estômago... Vou beber água.
Ainda tonta de tanta cachaça, foi até o rio. O dia estava quente, ela acabou entrando na água pra se refrescar.
A pedra pesava muito, foi afundando, e a correnteza foi levando a raposa, levando, levando. Deve estar levando até hoje, se é que já não chegou ao mar...
A galinha, o galo e o ratinho voltaram para casa. E o galo aprendeu que pai não tem nada de ficar mandando filho fazer as coisas só porque ele está com preguiça de levantar.
Um dia, a mulher pode não estar por perto para dar um jeito e ele pode se dar muito mal.

Ana Maria Machado.
História enviada por Neusa Lucia Braga Cia

sábado, 25 de julho de 2009

Pra quem gosta de Histórias


O que é?
Curso para formação de contadores de histórias, ministrado pelos Contadores e Arte-educadores Amauri de Oliveira e Roberto Isler da Casa Encantada e Cia Xekmat, para contadores, professores, profissionais da área de saúde, bibliotecas ou pessoas interessadas em aprender as técnicas de contação de história.

Inscrições:
Até 14 de Agosto de 2009, pelos telefones:
(19)3463-7889 – (19)3463-3601 – 9767-2582 com Renata, Amauri ou Roberto

Como é:
O curso consiste em 12 aulas, uma por semana, sempre aos sábados das 13:30 às 15:30, em 03 meses, tendo a carga horária semanal de 2 horas, mais 06 horas de trabalhos, num total de 30 horas, com certificado.
Poucas vagas por turma

Temas trabalhados:
● Técnicas de contação de histórias
● Expressão Facial e corporal
● Uso de música na contação
● Uso de objetos
● Vestimentas
● Voz e entonação
● Tipos de histórias
● Improvisação, entre outros

Duração:
Início: 15 de agosto (sábado) até 07de novembro de 2009

Investimento:
R$ 70,00 mensais.

Local:
A Casa Encantada: Ponto de Leitura do Ministério da Cultura e da Rede Biblioteca Viva, local especialmente criado para a contação de histórias, em diferentes e divertidos ambientes, destinado à visitação de crianças jovens e adultos.
Endereço: Avenida da Saudade, 707, Esquina com Rua Ceará, V. Grego, Santa Bárbara d’Oeste, SP

Vagas limitadas. Informações e inscrições:

(19)3463-7889 – (19)3463-3601 – 9767-2582
Com Renata, Amauri ou Roberto

amauri_xekmat@yahoo.com.br