O POVO ACREDITA que se uma pessoa falando constantemente uma palavra infeliz, atrai as energias negativas. As palavras ditas geralmente são: desgraça, maldito, inferno e outras mais.
No Bairro de São Francisco, existia um homem chamado Zé Bastos que constantemente praguejava. Era um pescador muito corajoso que não tinha medo de nada. Toda madrugada era chamado pelo seu amigo Constantino para pescar.
Constantino todo dia chamava os pescadores, de casa em casa, para saírem para o mar. Certa noite de lua cheia, indo chamar Zé Bastos, que era mestre de rede, apareceu a sua frente um homem estranho. Por mais que Constantino andasse para alcançar o homem todo vestido de preto, a mesma distância continuava entre os dois. Estranho!
Saindo da rua principal, dobrando a esquina, o homem de preto ia na mesma direção de Constantino... estavam na rua do Fogo, perto da casa do Zé Bastos.
Quando Constantino chegou na frente da casa do amigo, a figura humana desapareceu. Melhor assim.
Zé Bastos gostava de ser chamado delicadamente, assim não perdia o bom humor. Sabendo idsso, Constantino olhou por um buraco na parede de barro, para chamá-lo, em voz baixa.
Meu Deus! O que é isso?
No quarto do Zé Bastos, estava o homem de negro com os dedos nos orifícios de seu nariz: parecia estar sufocando-o. Assustado, Constantino chamou o amigo aos gritos. Zé Bastos deu um pulo da cama, preparado para briga, meio acordado, não entendendo nada. O homem de negro sumira.
CONTAM QUE o homem de negro nada mais era do que a "desgraça" que tinha vindo buscar Zé Bastos, pois vivia chamando-a para levá-lo para o outro mundo. Nesta noite, veio buscá-lo para a morte, mas ele foi salvo pelo amigo Constantino.
Zé Bastos nunca mais praguejou.
VIVIANE, Patrícia (org.). Mitos e lendas de São Sebastião. il. Marcelo Brossler Toledo. 3.ed. São Sebastião SP : Secretaria de Cultura e Turismo, 1996. p. 13.
Colaboração: Rosângela Pereira, coordenadora da Escola Municipal Guiomar Aparecida da Conceição Souza, em Boiçucanga, litoral norte de São Paulo.
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