quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Dizeres Rimados


 


De cavalo dado não se olham os dentes

Cesteiro que faz um cesto faz um cento

De cobra não nasce passarinho

Quanto mais velho melhor o vinho.

 

Com a boca cheia d'água ninguém assopra

O ponto do croché se escolhe é na amostra

Coroa não cura dor de cabeça

Em receita que deu certo, não mexa!

 

Água fria não escalda pirão

Vaso novo não se guarda no porão

A colher é que sabe a quentura da panela

Acerto de contas é no apagar da vela.

 

Raio não cai em pau deitado

Só passa uma vez o cavalo encilhado

O amor louco dura pouco

Terá jeito o pau que nasce torto?


A aranha vive do que tece

No olho do dono é que o carneiro cresce

Cada um sabe onde o sapato aperta

Até o santo desconfia quando é demais a oferta.

 

Hóspede de três dias dá azia

Pombo escaldado tem medo de água fria

Canudo que teve pimenta guarda o ardume

Rede no gancho não pega cardume.

 

Em anos de boas espigas, guarda

algumas para o tempo de urtigas

Amor sem beijo só no inferno vejo

Pão quente não se dá nem ao são nem ao doente.

 

Flauta doce não é trompete

Em fandango de galinha barata não se mete

Cavalo esperto não espanta a boiada

Fogo de palha não faz goiabada.


(Batata Cozida, Mingal De Cará  - Tradição Oral  - Eloí Elisabete Bocheco)

Um comentário:

Unknown disse...

Eu tenho esse adorável livro da Eloí, obtido através de um sebo. Recomendo com gratidão, essa leitura.